"Não tenho medo de Israel", afirma este homem de 35 anos, membro da Frente Democrática para a Libertação da Palestina (FDLP, esquerda) em sua casa no bairro de Zeitun, em Gaza, que havia ficado em ruínas por um bombardeio aéreo israelense.
Este pai de seis filhos assegura que os combatentes palestinos se preparam para uma nova guerra, reconstruindo os túneis destruídos em 2014 por Israel.
A destruição destes túneis era um dos objetivos arquitetados pelos israelenses para sua ofensiva. A guerra causou a morte de 2.251 palestinos, incluindo 551 crianças, e 73 israelenses, sendo 67 deles soldados, segundo a ONU.
Em 2006, o soldado israelense Gilad Shalit foi capturado através de um túnel e liberto, depois de cinco longos anos, graças a uma troca por mil prisioneiros palestinos.
Na semana passada, o Hamas, que controla a Faixa de Gaza, declarou estar preparado para outra guerra com Israel e afirmou que os grupos armados palestinos estão construindo túneis sob esta área submetida ao bloqueio de Israel.
'Capacidade de reação' Embora a trégua siga vigente desde agosto de 2014, o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, afirmou que os grupos armados são capazes "de reagir a qualquer momento, não importa o enfrentamento" com Israel.
A resposta do primeiro-ministro israelense, Benhamin Netanyahu, não demorou. "Se nos atacarem através dos túneis da Faixa de Gaza, responderemos com força contra o Hamas com uma força muito maior" do que a de 2014, ameaçou.
Essas declarações são feitas enquanto a Cisjordânia, Jerusalém e Israel sofrem uma onda de violência que já causou a morte de 164 palestinos e 26 israelenses desde o dia 1º de outubro, segundo um balanço da AFP. A maioria dos palestinos mortos eram autores ou supostos autores de ataques.
Estão sendo realizadas manifestações em Gaza desde outubro, ao longo da fronteira com Israel, o que já deixou vários palestinos mortos por disparos das forças israelenses. Mas, globalmente, o enclave tem desempenhado um papel limitado no que muitos palestinos consideram uma nova Intifada.
Em muitos sentidos, uma nova guerra é a última coisa que os residentes em Gaza necessitam em sua terra, que foi palco de três conflitos desde 2008.
O último deles devastou este pequeno território fronteiriço de 1,8 milhão de habitantes, no qual mais de 100 mil pessoas continuam sem poder retornar aos seus lares e somente 859 das, aproximadamente, 11 mil casas estão completamente em ruínas. Ali, o índice de desemprego é um dos mais elevados do mundo.
Influência salafista A reconstrução de Gaza é tardia devido ao bloqueio israelense, às promessas não cumpridas dos doadores internacionais e às discrepâncias entre Hamas e a autoridade palestina rival, que governa na Cisjordânia.
Segundo os analistas, o Hamas preferiria reconstruir Gaza ao invés de entrar em uma nova guerra, mas também não pode ficar completamente à margem da violência na Cisjordânia.
O movimento islamita também está sob pressão dos extremistas salafistas de Gaza, cuja influência eles tentam limitar.
No acampamento de refugiados de Shati, próximo à cidade de Gaza, um homem que afirma ser chefe de um grupo salafista se declara disposta a ir ao Iraque e à Síria para ajudar no combate ao grupo extremista Estado Islâmico (EI).
Este homem de barba farta que pede para manter o anonimato estima que o Hamas não aplica uma versão suficientemente rigorosa do Islã.
Segundo seus relatos, os salafistas lançaram foguetes em Israel, apesar da trégua, para vingar alguns de seus companheiros detidos pelo Hamas.
"Nossa jihad (dever religioso) é manter a religião de Alá" no cotidiano; "combatemos os infiéis para alcançar este objetivo", disse.
Mas, para Mohamed, do FDLP, o inimigo é Israel. "Começamos com pedras" afirmou, referindo-se às duas primeiras intifadas. "Agora temos foguetes. Enquanto Israel não sair de minha terra, a resistência continuará", afirmou.
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Fonte: AFP.
Fonte: AFP.
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