17 de julho de 2015

Notícia - Cai mais um afilhado de Fernando Collor na direção da Petrobras

Segundo delator da Lava-Jato, senador recebeu, pessoalmente, R$ 60 mil desviados da BR Distribuidora

Um dia depois do cumprimento de mandados de busca e apreensão pela Polícia Federal em residências do senador Fernando Collor (PTB-AL), a Petrobras demitiu nesta quinta-feira (16) o último dos dois diretores da subsidiária BR Distribuidora cuja indicação era atribuída ao ex-presidente da República.

Na última quarta-feira, o diretor de Rede de Postos de Serviços Luís Alves de Lima Filho foi substituído por um engenheiro de carreira, Thomaz Lucchini Coutinho, que ocupava a Presidência da Liquigás. Lima Filho era apontado como um dos afilhados de Collor na BR Distribuidora, assim como Vilson Reichemback Silva, que ocupou a Diretoria de Operações e Logística (DIOL).

Delatores da Lava Jato acusaram Collor de receber propinas do esquema de corrupção da Petrobras por meio de indicações políticas na BR Distribuidora. Em depoimento a investigadores da 
Operação Lava Jato, o doleiro Alberto Youssef afirmou que mandou entregar propina em dinheiro vivo ao senador.

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Segundo a Rede Glo
bo, Rafael Ângulo, que trabalhava para o doleiro, confirmou que entregou pessoalmente a Collor, no apartamento dele, em São Paulo, R$ 60 mil em notas de R$ 100. Disse ainda que chegou a pagar faturas do cartão de crédito do ex-ministro de Collor, Pedro Paulo Leoni Ramos, acusado de intermediar a propina na BR Distribuidora.

A propina teria relação com um acordo que envolveu a BR Distribuidora para beneficiar uma rede de postos de combustíveis, a Aster, do empresário Carlos Alberto Santiago. O escritório da empresa em São Paulo foi o cenário da apreensão de R$ 3,6 milhões na terça-feira, durante a Operação Politeia, desdobramento da Lava-Jato. Segundo o conteúdo dos depoimentos, Ângulo contou que usou um carro blindado para buscar dinheiro no posto de gasolina de Carlos Alberto Santiago. O dinheiro chegou num carro-forte, disse.

O advogado Rogério Marcolini, defensor de Collor, disse que não teve acesso ao teor do que motivou as buscas e, por isso, não comentará as acusações. Ele também criticou a demora para ter acesso às investigações. Ontem, o senador mais uma vez negou as acusações e se disse “ultrajado”. Leoni Ramos também nega. Ele divulgou nota dizendo que “já prestou todos os esclarecimentos às autoridades competentes.”

Desde que tomou posse, há cinco meses, o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, já substituiu três diretores da BR Distribuidora que tinham indicações políticas. O atual presidente da subsidiária, José Lima Neto, continuará no cargo por enquanto, mas, segundo uma fonte na cúpula da estatal, deve ser substituído por causa do processo de venda de parte do capital da BR.

Anteontem, Andurte de Barros Duarte Filho, que seria indicado do PT, foi substituído pelo funcionário de carreira Antônio Carlos Alves Caldeira na Diretoria de Mercado Consumidor. Além de Lima Filho, o outro afilhado de Collor, Vilson Reichemback Silva, foi substituído no dia 1º de julho por Ivan de Sá, que era gerente Geral de Comércio de Petróleo e Produtos Industriais, na Diretoria de Operações e Logística.

Em março, assumiu a Diretoria Financeira da BR Distribuidora Carlos Alberto Barra Tessarollo, também funcionário de carreira da Petrobras. O cargo estava vago desde a demissão de Nestor Cerveró, pivô do escândalo da compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, e que está preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba como um dos acusados da Operação Lava Jato.
Fonte: O Globo

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