Da esquerda para direita, Delúbio Soares, Ronan Maria Pinto e Marcos Valério. Grupo foi alvo da 27ª fase da Operação Lava Jato, desencadeada em abril. Publicitário Marcos Valério já tem condenação na caso do Mensalão
O empresário Ronan Maria Pinto, preso na 27ª fase da Operação Lava Jato, em abril deste ano, passa a ser réu e responder à uma ação penal da Justiça Federal. Além de Ronan, outras oito pessoas também viram réus, entre elas o ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT) Delúbio Soares e o publicitário Marcos Valério que já cumpre pena no Mensalão.
O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância, aceitou a denúncia contra eles, que foi oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF) no dia 6 de maio, nesta quinta-feira (12).
Todos responderão por lavagem de dinheiro, conforme indicado pelo MPF. “Presentes indícios suficientes de autoria e materialidade, recebo a denúncia contra os acusados”, diz Sérgio Moro no despacho.
De todos os réus, apenas Ronan Maria Pinto foi preso pela Lava Jato. A princípio, a prisão dele era temporária, mas foi transformada pela Justiça em preventiva, ou seja, por tempo indeterminado. Ele está detido no Complexo Médico-Penal, em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.
Confira a lista dos réus:
Ronan Maria Pinto – empresário dono do jornal Diário do Grande ABC
Sandro Tordin – ex-presidente do Banco Schahin
Marcos Valério Fernandes de Souza – publicitário que cumpre pena na Ação Penal 470, conhecida como mensalão
Enivaldo Quadrado – empresário condenado na Ação Penal 470, conhecida como mensalão
Luiz Carlos Casante – empresário
Breno Altmann – jornalista ligado ao PT
Natalino Bertin – empresário
Oswaldo Rodrigues Vieira Filho – empresário dono da Remar
Delúbio Soares de Castro – ex-tesoureiro do PT
Investigação
Ronan Pinto é investigado pelo recebimento de R$ 6 milhões do empréstimo realizado entre o pecuarista José Carlos Bumlai – também preso pela Lava Jato – e o Banco Schahin, que acabou sendo fraudado.
A denúncia envolvendo o empresário também atinge o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e mais sete pessoas. Os procuradores do MPF pedem que o grupo repare o erário em R$ 6 milhões.
De acordo com o Ministério Público Federal, o empréstimo foi pago por meio da contratação do Grupo Schahin como operador do navio-sonda Vitória 10.000, pela Petrobras, em 2009, ao custo de US$ 1,6 bilhão.
Ainda conforme as investigações, em depoimento ao Ministério Público Federal, Marcos Valério, operador do mensalão, afirmou que parte do empréstimo obtido por Bumlai era destinado Ronan Maria Pinto, que extorquia dirigentes do PT. O MPF afirma não ter provas, até o momento, que expliquem os motivos da extorsão.
O dinheiro, segundo o procurador Diogo Castro de Mattos, seria para comprar ações do jornal “Diário do Grande ABC”. Mattos diz que o objetivo de comprar ações era, segundo Marcos Valério, porque o jornal estava ligando Ronan Maria Pinto a denúncias da morte do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel.
Outro lado
À época da denúncia, os advogados de Ronan Maria Pinto disseram que todos os atos foram lícitos em todas as operações financeiras indicadas pelo MPF.
Já a defesa de Marcos Valério disse que considera a denúncia injusta, já que toda a apuração foi feita a partir do depoimento dele ao MPF. Segundo os advogados, nenhum valor passou pela contabilidade das empresas dele. Mesmo assim, o publicitário continua à disposição da Justiça.
O jornalista Breno Altmann afirmou que a denúncia do MPF não apresenta provas ou indícios e que se apoia somente no depoimento de Marcos Valério, transcrito como se fosse verdade irrefutável.
A defesa de Delúbio Soares garantiu que o ex-tesoureiro do PT nunca participou ou ajudou na prática de qualquer ato ilegal e que não pode responder por atos de terceiros.
O PT já tinha declarado que nunca contraiu empréstimo com o Banco Schahin e que todas as doações recebidas foram legais e declaradas à Justiça Eleitoral.
O G1 tenta contato com os demais réus.
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Fonte: G1
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