Relatórios enviados pela Polícia Federal ao Supremo Tribunal Federal (STF) em três inquéritos da Operação Lava Jato e tornados públicos nesta quarta-feira (8) afirmam que a coleta de provas realizada até agora sobre o envolvimento de políticos “indica a tipicidade da doação eleitoral como forma de corrupção”.
A constatação é parte dos pedidos de prorrogação por 60 dias das diligências, análise de materiais e depoimentos nos inquéritos contra os senadores Valdir Raupp (PMDB-RO), Humberto Costa (PT-PE) e Lindbergh Farias (PT-RJ). Todos negam envolvimento em irregularidades no esquema de desvio de dinheiro da Petrobras.
“Existem elementos iniciais suficientes que indicam a tipicidade da doação eleitoral como forma de corrupção”, afirmou a delegada Graziela Machado da Costa e Silva, uma das responsáveis na PF por inquéritos contra deputados e senadores.
Ao citar depoimentos de diversos delatores e mostrar que foram constatadas doações oficiais para campanhas dos políticos nos mesmos valores mencionados por empresários que estão colaborando com as investigações, a delegada cita “elementos iniciais suficientes” de que o dinheiro destinado para as campanhas eleitorais eram fruto de desvios na estatal.
Nos inquéritos, a Polícia Federal aponta que o órgão “compilou alguns dados de doações eleitorais que denotam a relevância e protuberância dos valores despendidos por empresas privadas, especialmente as empreiteiras contratadas pela Petrobras”.
Nova acareação
Ao pleitear mais prazo para investigar a ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney (PMDB) e o senador Edison Lobão (PMDB-MA), a PF pede a realização de nova acareação entre dois delatores da Lava Jato, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef.
“A investigação reclama, na busca da verdade, uma acareação entre Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa, que pode implicar a harmonia ou o distanciamento das versões por eles apresentadas, sob compromisso de dizer a verdade”, diz documento assinado pelo delegado Felipe Alcântara de Barros Leal.
Segundo o processo, Paulo Roberto afirmou que destinou R$ 2 milhões à campanha de Roseana Sarney por meio de Lobão e que Youssef teria entregado os valores, mas o doleiro nega o repasse. Roseana e Lobão também negam envolvimento no esquema.
A PF quer, além da nova acareação, acesso a dados telefônicos de Lobão e Roseana para “confrontar extratos telefônicos, valendo-se inclusive da autorização de acesso a tais dados”.
Fonte: G1
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