20 de outubro de 2016

Noticia: Delação: Cavendish diz ter pago anel de R$ 800 mil para mulher de Cabral

Cabral e sua mulher Adriana Ancelmo já com o anel, circulado em vermelho, em jantar no restaurante ‘Luís XV’, em Mônaco

Em 2009, o empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta Construções, estava com Sérgio Cabral em Mônaco. Na ocasião, ele afirma ter pago um anel de ouro branco e brilhantes, que foi dado de presente por Cabral a sua esposa, Adriana Ancelmo. O valor do mimo foi de € 220 mil, ou cerca de R$ 800 mil.

Segundo matéria do ‘O Globo’, Cavendish afirma que só soube que o pagamento do anel lhe caberia quando estava dentro da loja, uma filial da Van Cleef & Arpels, famosa joalheria, na Place du Casino. Ele afirma que a situação foi armada por Cabral, numa promessa do amigo de que a dívida seria acertada mais à frente.

Uma foto de Cabral com Adriana, na qual a mulher exibe o anel na mão esquerda, é uma das provas exibidas por Cavendish à força-tarefa da Lava Jato no Rio e em Brasília para provar a compra. O empresário, que cumpre prisão domiciliar, está negociando a delação premiada. Ele também entregou a nota fiscal, o certificado de compra e o comprovante de pagamento com cartão de crédito. Depois que a amizade com Cabral foi rompida, contou Cavendish, o anel foi devolvido a ele por um amigo do ex-governador, Paulo Fernando Magalhães Pinto.

A fotografia, segundo ‘O Globo’ apurou, foi feita no estreladíssimo restaurante Le Louis XV, do chef Alan Ducasse, no Hotel de France, em Mônaco, onde o grupo de amigos liderado por Cabral estava hospedado. O presente foi dado por Cabral durante o jantar, na presença de Cavendish, da então namorada do empresário, Jordana Kfouri, do ex-secretário de Saúde Sérgio Côrtes e mulher, e do então assessor de Cabral Luiz Carlos Bezerra e mulher.

Ainsa segundo o jornal, até então, relatou o empresário, o presente mais expressivo que dera a Cabral foi um carro. E mesmo assim, a Ford Ranger 2007, placa KXG 0628, saiu de uma concessionária, em março daquele ano, em nome de Magalhães Pinto, por ser amigo de confiança de Cabral, para evitar a associação direta do mimo com o empreiteiro. Para provar que o carro é de Cabral, Cavendish tem fotos do governador na Ranger. Quando se separou por um tempo de Adriana Ancelmo, Cabral morou no apartamento de Magalhães Pinto em Ipanema.

O anel foi devolvido em 2012, quando Cabral rompeu com Cavendish após as revelações de que a Delta usava as empresas do bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, para lavar dinheiro. Esta descoberta foi um desdobramento da Operação Monte Carlo da PF, deflagrada em Goiás para desarticular uma organização que explorava máquinas caça-níqueis, e levou à prisão o diretor da Delta Centro-Oeste, Claudio Abreu.

Empreiteiros

Cavendish, acuado, foi ao encontro de Magalhães Pinto, a quem pediu que levasse um apelo a Cabral, no sentido de evitar que a empresa fosse declarada inidônea. No meio da conversa, Magalhães Pinto lhe entregou o anel. Foi então que Cavendish percebeu que já não havia mais nada a fazer. Para ele, o gesto dizia tudo. A amizade, inciada em 2003, havia chegado ao fim.

Na negociação de delação, o empresário cita outros episódios que ajudam os investigadores a entender como cresceu tanto nos dois governos de Sérgio Cabral — entre 2009 e 2010, foram R$ 538 milhões em contratos com seis órgãos do Estado do Rio. Mas, para o próprio Cavendish, o anel da Van Cleef é a peça mais simbólica do tipo de relação que Cabral estabeleceu com empreiteiros.

Um ano antes do rompimento da amizade entre Cavendish e Cabral, a queda de um helicóptero no Sul da Bahia expôs a relação íntima entre os dois. Na tragédia, morreram a namorada de seu filho Marco Antônio Cabral, Mariana Noleto, a mulher do empreiteiro e sua irmã, Fernanda, os filhos de ambas, a babá Norma Batista de Assunção e o piloto da aeronave, o empresário Marcelo Almeida, presidente do First Class Group e dono do Jacumã Ocean Resort, para onde ia o grupo.

Em outro episódio, em abril de 2012, fotos publicadas no blog do ex-governador Anthony Garotinho mostraram Cabral e os então secretários Wilson Carlos (Governo) e Sérgio Côrtes (Saúde) numa viagem a Paris na companhia de Fernando Cavendish. Numa das imagens, Wilson Carlos e Sérgio Côrtes dançam abraçados com Cavendish. O clima de comemoração era tanto que o grupo, bem desinibido, usou guardanapos amarrados na cabeça. Em outra sequência, Cabral é visto sorridente posando para fotos ao lado de Cavendish que, agachado, parece brincar com a situação. Na mesma foto, estava o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Aloysio Neves.

Cavendish, segundo amigos, procura apresentar-se às autoridades como uma pessoa disposta a colaborar. Ele garantiu que continua tendo credibilidade junto a outros diretores e funcionários da Delta, o que poderá encorajá-los a também contribuir. Como não pode sair de casa, usa parte do tempo para recordar episódios que podem fortalecer a sua delação.

Procurado pelo ‘Globo’, o empresário disse que está impedido de falar com a imprensa em decorrência de sua situação judicial.

Em nota à Redação, o ex-governador Sérgio Cabral disse que “não tem como se posicionar sobre supostas declarações cujo conteúdo desconhece”. Paulo Fernando Magalhães Pinto não foi encontrado.
Fonte: O Globo



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