6 de abril de 2016

Noticia: Índia: Ainda que a figueira não floresça

“Então vos hão de entregar para serdes atormentados, e matar-vos-ão; e sereis odiados de todas as nações por causa do meu nome.” Mateus 24:9
“Eu já me peguei pensando como seria minha vida sem meus filhos ou o que aconteceria com eles se um dia eu não voltasse de uma de minhas viagens”

Durante um longo tempo de trabalho na Portas Abertas, um dos colaboradores parou para refletir sobre a vida de uma cristã indiana e o quanto seu testemunho servia para edificar a igreja toda, inclusive ele. “Eu tenho 37 anos de idade, sou casado e tenho duas filhas de 8 e 5 anos e um filho de 2. Conheci Kusum* e sua história que me fez escrever estas palavras. Com seus 25 anos, ela já tem um filho de 9. Casou-se nova, como é de costume na Índia e já sofreu desmedidamente. Perdeu um filho menor, de apenas 5 anos de idade e conhecer sua história foi meu pior pesadelo”, conta um dos analistas de perseguição.

“Em meu trabalho, é comum o atendimento a cristãos perseguidos que perderam suas famílias. Órfãos, viúvas, pais que perdem seus filhos pequenos, pessoas que são forçadas a deixar seus lares e sua vida para trás para começar do zero. Com esse cenário, já sofri de uma leve depressão e me peguei pensando como seria minha vida sem meus filhos ou o que aconteceria com eles se um dia eu não voltasse de uma de minhas viagens. Como minha esposa ficaria? Até que um psicólogo cristão me ajudou com alguns pensamentos simples. Ele disse: ‘pergunte a si mesmo se estes pensamentos são verdadeiros, se eles são úteis e se existe uma forma de substituí-los por um pensamento positivo’. E eu fiz o meu melhor”, conta ele.

Segundo o analista, Kusum foi abandonada por todos e a perda de seu filho foi um duro golpe. “Eu e minha esposa quase perdemos nosso filho, quando ele tinha um ano, e sofreu de uma infecção grave. Mas nós tínhamos a família e os amigos para nos apoiar”, ele lembra. O analista observa que a violência na Índia aumentou a uma velocidade acelerada. “Até recentemente, os hindus nacionalistas não batiam em mulheres, agora eles batem. Mas o que quero mostrar com todos estes fatos é que a força que essa indiana tem é extraordinária e me serviu de inspiração. Ela viveu tudo isso e não reclama de nada, ela simplesmente se cala e segue em frente. A violência bate na porta dela e ela não tem como evitar, mas ela continua seguindo seu caminho” explica o analista.

Ele continua: “Na mesma semana que conheci Kusum, outro colega indiano me disse que lutou através da oração de Habacuque, que um dia gritou: ‘Até quando, Senhor, clamarei por socorro, sem que tu ouças? Até quando gritarei a ti: Violência! sem que tragas salvação? (Hb 1.2). E eu tentei evitar este livro da Bíblia durante dois anos. Mas outro dia, alguém estava orando comigo e leu estes três versículos: ‘Mesmo não florescendo a figueira, não havendo uvas nas videiras; mesmo falhando a safra de azeitonas, não havendo produção de alimento nas lavouras, nem ovelhas no curral nem bois nos estábulos, ainda assim eu exultarei no Senhor e me alegrarei no Deus da minha salvação. O Senhor Soberano é a minha força; ele faz os meus pés como os do cervo; ele me habilita a andar em lugares altos’ (Hb 3.17-19). Eu nunca comentei com a senhora que leu estes versos para mim, o quanto fiquei assustado. Tive medo de que Deus quisesse tirar algo valioso de mim, minha esposa ou meus filhos. Mas não era um aviso de algo ruim, Deus apenas estava mostrando que ele permite a violência para mudar nossas perspectivas”, observa.

E o analista conclui: “Deus mudou a perspectiva de Habacuque e também mudou a perspectiva do povo de Israel, quando fazia justiça, quando punia e quando salvava. Ele quer corações alegres diante dele, apesar de tudo. Meus olhos agora se abriram para essa verdade. Deus não deseja que estejamos tristes, ele quer nos ensinar que a felicidade não depende de nada e de ninguém, mas exclusivamente da sua presença em nossas vidas. É como disse Habacuque ‘ainda que muitas coisas ruins me aconteçam, eu ainda me alegrarei’. Depois de conhecer Kusum, que me fez bater de frente com meu pior pesadelo, que era meu medo de perder minha família, eu tive a visão de um Deus maior, que manda a terra ficar em silêncio e esperar por ele. Hoje eu olho para Deus e faço como Kusum faz, eu simplesmente confio no seu poder”.

*Nome alterado por motivos de segurança.


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Fonte: Portas Abertas.

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