20 de fevereiro de 2018

Subsidio: Lição 8 - A Resistência contra a Tentação: Adolescentes - 13 a 14 anos - Cpad






Objetivos Apontar em que Áreas da vida Cristo, foi tentado no Deserto;
Explicar que somos atraídos pelos nossos maus desejos;
Conscientizar de que não devemos ceder as tentações.


Texto Bíblico 

  Mateus 4.1-11
A tentação (4.2). As palavras gregas peirazo (απόδειξη - lê-se apóviquici) e peiras mossãa (δίκη - Lê-se leiquim) igualmente traduzidas por “prova” e “julgamento” bem como por “tentar” e “tentação” (προσπαθώ - Lê-se prustraufão). O que há de comum é a situação que nos coloca sob grande pressão. O texto em Tiago 1 é especialmente útil para nos ajudar a tratar essas situações, ao nos lembrar que DEUS jamais tenta as pessoas, no sentido de induzi-las ao mal (Tg 1.13). DEUS, contudo, nos prova da mesma maneira que permitiu que Satanás o fizesse com JESUS, a fim de demonstrar a nós e a todos que podemos vencer pela sua força. Adão e Eva falharam no teste. Por meio de CRISTO você e eu somos vitoriosos.
RICHARDS. Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia. Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo.Editora CPAD. pag. 655.

A Possibilidade da Tentação
Como era possível que o JESUS sem pecado fosse tentado? Em nossa tentativa de responder a essa pergunta devemos antes de mais nada observar que o que foi tentado foi sua natureza humana. JESUS não só era DEUS; ele era também homem. Além do mais, sua alma não era dura como uma pederneira nem fria como um bloco de gelo. Era uma alma plenamente humana, profundamente sensível, afetada e comovida pelos sofrimentos de todo gênero. Foi CRISTO quem disse: “Tenho um batismo com o qual hei de ser batizado; e como me angustio até que o veja concretizado” (Lc 12.50). JESUS foi capaz de expressar carinho (Mt 19.13, 14), compaixão (Mt 23.37; Jo 11.35), piedade (Mt 12.32), ira (Mt 17.17), gratidão (Mt 11.25) e profundo anseio pela salvação dos pecadores (Mt 11.28; 23.37; Lc 15; 19.10; Jo 7.37) para a glória do Pai (Jo 17.1-5). Sendo não só DEUS mas também homem, ele sabia o que era estar cansado (Jo 4.6) e sedento (4.7; 19.28). Portanto, realmente não deveria surpreender-nos que, depois de um jejum de quarenta dias, ele sentisse muita fome, e que a proposta de converter pedras em pães se constituía numa tentação bem real para ele, tanto mais sabendo que estava revestido do poder para fazer milagres! Não obstante, não deixa de ser verdade que a possibilidade e realidade da tentação de CRISTO vai além de nossa compreensão. Mas não é esse um fato em relação a cada doutrina? O que sabemos realmente sobre nós mesmos, sobre nossa alma e a interação que existe entre alma e corpo? Pouco, aliás, bem pouco! Como poderíamos, pois, penetrar nas profundezas da alma de CRISTO e analisá-la suficientemente a fim de fornecer uma explicação psicológica absolutamente satisfatória de suas tentações?
HENDRIKSEN. William. Comentário do Novo Testamento. Lucas I. Editora Cultura Cristã. pag. 315-316.

«...tentado...»

JESUS Poderia Ter Caído Em Pecado ?
1. Se respondermos a essa pergunta do ponto de vista da sua divindade (com comentários em Heb. 1:3), teremos de responder com um «não».
2. Se respondermos do ponto de vista de sua humanidade, teremos de afirmar que as tentações e provas por que passou JESUS foram reais, e que, como homem, poderia ter incorrido em pecado, embora sua elevadíssima espiritualidade não lhe permitisse fazê-lo. Por conseguinte, temos aqui um «paradoxo», não havendo como solucionar adequadamente a questão.
Homens igualmente piedosos, têm assumido um ou outro lado do problema.

3. Nessa controvérsia, contudo, não percamos de vista a mensagem do versículo à nossa frente. JESUS, como homem, exibia elevadíssima espiritualidade. Suas qualidades espirituais não eram automáticas, mas resultavam de uma luta muito intensa, através da vitória sobre o pecado, diante do qual, jamais cedeu. Entrementes, ele desenvolveu elevadas virtudes morais positivas. (Ver Gál. 5:22,23, quanto a essas virtudes). Assim sendo, JESUS foi o Pioneiro do caminho, tendo-nos mostrado, como devemos desenvolvermos espiritualmente, através da dedicação absoluta. JESUS possuía nosso tipo de natureza, juntamente com as suas fraquezas. Não obstante, triunfou!

O que é dito aqui é sem-par no N. T., dando-nos uma visão mais clara sobre a natureza humana de CRISTO, pelo menos em alguns particulares. Até mesmo a tentação de CRISTO, nos evangelhos sinópticos (ver Mat. 4:1-11 e seus paralelos) tem o propósito polêmico de mostrar que nada podia tirar JESUS de seu «propósito messiânico», o que significa que ele era mais poderoso que o próprio Satanás. Aqui, porém, sua vitória sobre a tentação visa mostrar o que a natureza humana pode fazer e como ela deve ser, quando devidamente impelida pelo ESPÍRITO SANTO. Suas tentações têm por fito mostrar-nos que ele se identificou totalmente conosco, sem qualquer limitação. Ele era humano tal e qual somos humanos; não possuía alguma natureza humana diferente, como a do homem «antes da queda». (Ver Rom. 8:3). Ele foi enviado «na semelhança de carne pecaminosa», isto é, compartilhou da mesma natureza dos homens, a qual fora debilitada e degradada pelo pecado, embora ele mesmo não tivesse qualquer pecado pessoal. Contudo, ele compartilhou do «desastre da natureza humana», que resulta do pecado.

«...sem pecado...»
Há várias declarações neotestamentárias sobre a impecabilidade de JESUS. (Ver Atos 3:14; o trecho de II Cor. 5:21 mostra outra dessas afirmações). JESUS mostrou que a natureza humana não precisa do pecado como um de seus elementos. A verdadeira natureza humana é impecável. A natureza humana pervertida é que peca. Daí resulta a necessidade de redenção.

A impecabilidade de CRISTO qualificou-o preeminentemente para o sumo sacerdócio, pois ele, diferentemente de outros, não precisa oferecer sacrifício por si mesmo. Todo seu labor pode ser assim devotado a seus irmãos. Assim, mediante o sacrifício de si mesmo, ele eliminou o pecado para sempre (ver Heb. 9:26), livrando os filhos de DEUS de sua manopla e dando-lhes um lugar de acesso a DEUS Pai. E da «segunda vez» em que ele aparecer (na parousia), não haverá mais necessidade de cuidar da questão do pecado. Portanto, ele aparecerá «à parte do pecado», e isso «para a salvação», com o propósito de levar à fruição a salvação de seus irmãos (ver Heb. 9:28). A impecabilidade de CRISTO, pois, deve significar mais do que a rejeição de atos pecaminosos; ele nunca favoreceu à atitude do pecado; não pecou em seus desejos e em seus motivos, muito menos em suas ações. Ele mesmo deixou claro que o pecado reside nos desejos e motivos dos homens, e não apenas em atos pecaminosos (ver Mat. 5:27 e ss.).

Gloriando-nos nas debilidades. Newell (in loc.) relata-nos acerca de um amigo seu que sofria de muitas debilidades físicas que ameaçavam o bem-estar de sua própria alma. Seu senso de fraqueza era tão profundo que o avassalava, de tal modo que sentiu que perdera até mesmo o contacto com DEUS. Mas foi encorajado, por meio do trecho de I I Cor. 12:9,10, a «gloriar-se» nessas debilidades, para extrair delas alguma forma de glória a DEUS, transformando-as em pontos fortes. Isso lhe emprestou uma nova dimensão na vida. JESUS também conhecia bem essas coisas; mas triunfou.
Mostrou-nos que é possível a vitória espiritual, em meio às nossas condições humanas, que são tão adversas.

«Em sua vida terrena ele teve um admirável discernimento sobre os homens, uma estranha sensibilidade para com as necessidades humanas ao seu derredor. Segundo diz o autor do quarto evangelho, JESUS «...não precisava de que alguém lhe desse testemunho a respeito do homem, porque ele mesmo sabia o que era a natureza humana» (João 2:25). Ele suportou todos os testes, mas «sem pecado». Não se pode duvidar que nenhum homem, em toda a história, tem sido sujeito a tão cuidadoso e crítico escrutínio como o homem JESUS. Os homens têm sondado sua vida e palavras, mas seu desafio continua de pé: ‘Quem dentre vós me convence de pecado!’ (João 8:46)». (Cotton, in loc.).

«O escritor deseja eliminar a fantasia comum que havia alguma peculiaridade em JESUS que fazia suas tentações inteiramente diversas das nossas, como se fosse um campeão vestido de cota de malhas que servia de alvo de flechas de brinquedo. Pelo contrário, ele sentiu, em sua própria consciência, a dificuldade de alguém ser justo neste mundo; ele sentiu sobre si mesmo a pressão das razões e atrações que inclinam os homens ao pecado, para que escapem do sofrimento e da morte». (Dods, in loc.).

«Isso serve de real base de encorajamento, pois a melhor ajuda é aquela conferida por aqueles que se mantêm firmes onde falham os, tendo enfrentado o início da tentação sem ceder à mesma. A referência especial é às tentações que levam à apostasia ou à desobediência à vontade de DEUS». (Moffatt, in loc.).

Notemos que o autor sagrado afirmou em seu tratado, de modo absoluto, tanto a divindade como a humanidade de CRISTO. Ele não tentou qualquer reconciliação entre os dois conceitos, e nem quis mostrar como ambas as naturezas podem ter residido na mesma personalidade ao mesmo tempo. O que sabemos é que ambas as naturezas são importantes para nós, pois ambas as naturezas foram postas à nossa disposição. Com temor e tremor podemos chegar perante DEUS, mas CRISTO está presente para tornar possível nosso acesso a ele.

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 522-523.

O que é tentação.

1. Massah, "teste". "provação". Palavra hebraica usada por cinco vezes. Deu. 4:34; 7:19; 29:3;, SaL 95:8; Jó 9:23.

2. Peirasmôs, "teste", "prova". Palavra grega usada por vinte vezes: Mal. 6:13; 26:41; Mar. 14:38; Luc. 4:13; 8:13; 11:4; 22:28,40,46; Atos 20:19; 1 Cor. 10:13; Gál. 4:14; 1 Tim. 6:9; Heb. 18; Tia. 1:2,12; 1 Ped. 1:6; 11 Ped. 2:9 e Apo.3:10.

3. Peirázo, ''testar'', "submeter à prova". Vocábulo grego que ocorre por trinta e seis vezes: Mal. 4:1,3; 16:1; 19:3; 22:18,35; Mar. 1:13; 8:11; 10:2; 12:15; Luc. 4:2; 11:16; João 6:6; 8:6; Atos 5:9; 9:26; 15:10; 16:7; 24:6; 1 Cor. 7:5; 10:9,13; 11 Cor. 115; GáI. 6:1; 1 Tes. 3:5; Heb. 2:18; 3:9 (citando Sal. 95:9); 4:15; 11:17,37; Tia. 1:13,14; Apo. 12,10; 3:10.
No original grego, tentação é "peirasmos", que significa "teste", "provação", "tentação para a prática do mal".

CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 6. Editora Hagnos. pag. 350-351.

TENTAR, TENTAÇÃO

Os termos heb. e gr. para "tentar" (heb. massa, gr. peirazo, ekpei-razo) e "tentação" (heb. nasa, gr. peirasmos) podem, às vezes, ter o significado de "induzir ao pecado", que tão fortemente colore nossas palavras em português "tentar" e "tentação". Mas seu principal e predominante significado é o de "testar o valor e o caráter de homens" e, às vezes, os de DEUS. Nesse sentido, os cristãos devem se examinar para se certificarem de que suas palavras e ações evidenciam que eles são crentes genuínos (2 Co 13.5; cf. 2 Pe 1.10).

Semelhantemente, DEUS testa, no AT, a veracidade da confiança que seu povo tem nele, como no caso de Abraão (Gn 22.1), Israel (Êx 15.25; 16.4), a tribo de Levi (Dt 33.8), Ezequias (2 Cr 32.31) e o salmista (SI 26.2). O NT diz que DEUS (ou CRISTO) provou a fé de Filipe (Jo 6.6) e de Abraão (Hb 11.17; cf. Gn 22.1).

Na sua providência, DEUS usa os eventos da vida cotidiana para testar a professada fé e o caráter dos cristãos. O teste pode resultar em severos tormentos, tanto físicos quanto espirituais (Hb 11.37; 1 Pe 4.12). DEUS usou severos fenómenos naturais (Êx 20.18-20), as dificuldades das peregrinações pelo deserto (Dt 8.2), e a opressão das tribos cananéi-as para testar Israel (Jz 2.21,22). Aos cristãos não é prometida a ausência de provas, mas a força necessária para suportá-las (1 Co 10.13; 2 Pe 2.9; cf. 1 Pe 4.1,12-16). O próprio CRISTO, ao se tornar humano, passou por toda sorte de testes mentais e físicos (Hb 2.18; 4.15).

Crê-se que até mesmo coisas são testadas ou provadas, como por exemplo uma espada (1 Sm 17.38), uma reputação (1 Rs 10.1; 2 Cr 9.1) e convicções (Dn 1.12,14). Tanto a palavra heb. quanto a gr., às vezes, têm o significado de tentar fazer algo. Em uma pergunta retórica, DEUS questiona: "...ou se um deus intentou ir tomar para si um povo..." (Dt 4.34). Os homens tentam se comunicar (Jó 4.2) ou se juntar a outros (At 9.26). Os termos gregos e hebraicos traduzidos como "tentar" e "tentação" também aparecem no mau sentido de "induzir ao pecado". O Diabo é acusado de ser o instigador de tais provas (Mt 4.3; 1 Ts 3.5,6). Até mesmo na vida dos cristãos ele exerce grande pressão para o pecado
(1 Co 7.5; 1 Ts 3.5; Ap 2.10). Sucumbir a tais tentações pode demonstrar que a profissão do cristão não é sincera (Lc 8.13).

"A tentação para pecar frequentemente se origina de pensamentos malignos e da concupiscência (Tg 1.14); provocações às quais um forte desejo por riquezas bem pode se juntar (1 Tm 6.9)".

Contudo, a tentação para pecar nunca vem de DEUS (Tg 1.13). O cristão deve orar por libertação de todas essas tentações (Mt 6.13; Lc 11.4). A tentação, no mau sentido, também pode tomar a forma de testar o outro na esperança de expor seus pontos fracos, e usá-los contra a própria pessoa. Os inimigos de CRISTO frequentemente tentaram empregar essa tática contra Ele (cf. Mt 16.1; 19.3; 22.35; Lc 20.23).

Algumas vezes a Bíblia fala de homens testando ou tentando a DEUS. Por exemplo, Israel tentou a DEUS no deserto (Êx 17.2,7; Nm 14.22; SI 95.8,9; 1 Co 10.9), e os fariseus e saduceus tentaram a JESUS (Mt 16.1; Mc 8.11; 10.2). Além disso, os cristãos professos podem tentar a DEUS. Ananias e Safira o fizeram ao mentir (At 5.9). Cristãos judeus o fizeram, trazendo empecilhos aos crentes gentios (At 15.10). Paulo advertiu os coríntios a respeito da incredulidade, da idolatria, do modo de vida ímpio, da atitude de tentar a CRISTO e da murmuração (1 Co 10.7-10; cf. Nm 21.4-9).

Quando confrontado pelas tentações, o cristão tira o encorajamento necessário do conhecimento de que ele não os enfrenta sozinho. DEUS já removeu o crente do domínio de Satanás e o colocou em seu próprio reino e família (Cl 1.12,13). As tentações que Satanás traz estão sempre dentro dos limites permitidos por DEUS (Jó 1.8-12; 2.3-6). Além disso, o cristão tem o exemplo da vitória de CRISTO sobre o pecado (Hb 4.15) e a promessa da sua ajuda (Hb 2.18). Mesmo quando o cristão sucumbe à tentação e ao pecado, ele ainda tem a promessa de perdão disponível através da contínua, eficaz e redentora graça de CRISTO (Hb 4.14-16; 1 Jo 2.1).
A recompensa dos cristãos por sua fiel resistência a todos os tipos de tentação é a coroa de vida (Ap 2.10).
Os exemplos mais conhecidos de tentação nas Escrituras são a indução de Adão e Eva ao pecado no jardim do Éden por Satanás (Gn 3.1-7; 1 Tm 2.13,14) e a tentação de CRISTO no deserto (Mt 4.1-11; Mc 1.12,13; Lc 4.1-13).

Comparando-se essas tentações, nota-se que Eva (em comum acordo com Adão) sucumbiu à tentação por dar atenção excessiva aos desejos físicos (por exemplo, a comida) e às posses materiais dessa vida (o belo fruto que ela desejava), e por se entregar a um orgulho precipitado (supunha-se que o fruto traria sabedoria). Se por um lado CRISTO, o segundo Adão (Rm 5.12-21; 1 Co 15.22) sentiu todo o peso do teste, por outro Ele superou completamente a tentação em cada uma dessas áreas (por exemplo, a tentação de transformar pedras em pães; de desejar obter para si os reinos do mundo; e, com um orgulho presunçoso, se atirar do Templo). Por ter experimentado e triunfado sobre essas e outras tentações, o Senhor JESUS CRISTO é capaz de se compadecer e ajudar seu povo nas tentações que enfrenta.

PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1908-1909.

A Tentação de Jesus, 4.1-11 (comentário bíblico belco).

O Batismo foi um acontecimento público glorioso. Mas imediatamente após ele veio uma dura experiência privada. “Grandes bênçãos normalmente são seguidas por grandes tentações.”86 E ainda é verdade que “é necessária uma grande tentação, assim como uma grande graça, para se produzir um grande pregador”.

Por que Jesus foi tentado? A Epístola aos Hebreus é aquela que responde mais profundamente a essa pergunta do que qualquer outra parte das Escrituras. Lemos a respeito de Cristo: “Pelo que convinha que, em tudo, fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo. Porque, naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados” (Hb 2.17-18).

A última sentença declara uma verdade muito reveladora: Ele “sendo tentado, padeceu”. Isto não foi fingimento. Isto foi um estado de guerra, difícil e severo. As tentações de Jesus eram tão reais para Ele quanto as nossas são para nós - e igualmente angustiantes. Alguns diriam que, como Cristo era o Filho de Deus, Ele sabia que não iria fraquejar, não se entregaria. Mas isso faria das Suas tentações uma farsa vazia e negaria a afirmação clara da epístola aos Hebreus. Se Ele foi “de todas as maneiras tentado como nós somos”, deve ter sofrido o mesmo tormento e a mesma tortura na Sua própria consciência que nós sofremos quando somos fortemente tentados. É verdade que, como o Filho de Deus, Ele era onisciente. Mas há muitas indicações nos Evangelhos de que Jesus limitava o seu conhecimento na Sua verdadeira consciência. Isto fazia parte da encarnação, de tomar-se como nós. Foi parte do preço que Ele teve que pagar para ser ao mesmo tempo o nosso Sumo Sacerdote e o nosso Sacrifício pelos pecados.

Jesus foi conduzido (1) do vale do rio Jordão (300 metros abaixo do nível do mar) até às alturas do solitário deserto da Judéia. Os três sinóticos afirmam que Ele foi levado pelo Espírito ao deserto. Por um mandamento divino Ele foi para lá. Quando as coisas vão mal ou sofremos alguma severa tentação, é fácil pensar que podemos estar fora da vontade do Senhor. Mas quando Jesus estava sendo tentado, Ele estava no centro da vontade de Deus para a sua vida.
Foi ao deserto que Ele foi levado. O contraste entre este lugar e o cenário da tentação de Adão e Eva é chocante. Eles estavam em um bonito paraíso, no Jardim do Éden. Ele estava no deserto desolado. Eles tinham tudo o que alguém poderia desejar para comer. Ele estava faminto. Eles tinham um ao outro. Ele estava sozinho. Apesar disso, eles fracassaram, ao passo que Ele triunfou.

Ele diz: “Durante os quarenta dias (Lc 4.2), e em outras ocasiões, o nosso Senhor sem dúvida foi tentado pela sugestão na sua mente, como acontece conosco; mas nas três tentações aqui descritas, parece estar claramente declarado que Satanás apareceu em uma forma corpórea e com palavras verdadeiramente pronunciadas, e isto torna a cena adequada para uma descrição distinta e impressionante”.88 Mas parece provável que Satanás tenha levado Jesus corporeamente até o pináculo do templo? O argumento conclusivo contra esse ponto de vista é o de que não existe na terra uma montanha de onde alguém possa ver todos os reinos do mundo (8).

O propósito divino pelo qual Cristo foi levado até o deserto foi o de que Ele pudesse ser tentado. A palavra grega é peirazo. Na literatura grega antiga (Homero) ela é usada com o sentido de “pôr à prova”. O seu significado principal é “testar, pôr à prova, provar”. Arndt e Gingrich dizem que ela significa “tentar, fazer um teste com, colocar em teste para descobrir que tipo de pessoa alguém é”. O Pai estava permitindo que o Seu Filho fosse posto à prova antes de começar o Seu trabalho público, como um metal que deve ser testado antes de poder ser usado com confiança em uma posição crucial. Mas, a partir do ponto de vista de Satanás, Jesus estava sendo tentado, seduzido ao pecado, na esperança de que Ele fracassasse. Isso também está indicado pela palavra “tentador” (peirazon) no versículo 3.

Cristo foi tentado pelo diabo. Marcos nunca usa essa palavra; ao invés disso, ele usa “Satanás” (Mc 1.13). Essa última palavra, que significa “adversário”, vem diretamente do hebraico para o grego e para o português. A palavra grega diabolos significa “caluniador” ou “falso acusador” e tornou-se diable em francês e diabo em português. As duas palavras são usadas como sinônimos no Novo Testamento.

Negar o diabo de forma pessoal, significa tranqüilizar-se com um falso sentimento de segurança. Nos últimos anos temos percebido, cada vez mais, que não é possível explicar a influência insidiosa do mal no nosso mundo sem postular a existência de um agente pessoal por trás das várias ocorrências.
Jesus jejuou quarenta dias e quarenta noites (2), como fizeram Moisés no Monte Sinai (Ex 34.28) e Elias no deserto (1 Rs 19.8). O número quarenta normalmente indica um período de teste. Foi isso o que ele representou para Jesus. E Jesus não falhou no teste.
No final dos quarenta dias, Ele teve fome. Aparentemente Jesus estava tão absorvido nos conflitos espirituais e na contemplação que não sentiu fome até o final desse período. Então surgiu nele um intenso desejo de comer.
Marcos faz apenas uma pequena afirmação resumida da Tentação, sem detalhar os três ataques específicos de Satanás. Mateus e Lucas dão os três, mas em ordens diferentes (veja os comentários sobre Lucas 4.1-13). M’Neile sugere que Lucas adota uma “seqüência geográfica”, com a mudança do deserto para a cidade, por último, ao passo que “Mateus organiza um clímax psicológico: a primeira tentação é duvidar da verdade da revelação recém-recebida; a segunda é testá-la; e a terceira é agarrar de forma prematura a posição de Messias que ela envolve”.

A dúvida é uma das armas favoritas do diabo. A primeira coisa que ele disse a Jesus foi: Se tu és o Filho de Deus (3).92 Ele se aproximou de Eva de uma maneira similar: “E assim que Deus disse...?” (Gn 3.1). Depois o diabo apelou para a fome de Jesus: manda que estas pedras se tornem em pães. Como diz Maclaren: “Satanás usou a mesma isca diante do primeiro Adão. Esta funcionou tão bem naquela ocasião, que ele se considerou esperto por trazê-la à baila uma vez mais”.93 Intrinsecamente, não haveria nada de errado em Jesus realizar um milagre para obter a comida de que necessitava. Mas obedecer Satanás é pecado. Além disso, Cristo tinha vindo para compartilhar a nossa humanidade conosco. Ele se recusava a usar qualquer poder que não estivesse disponível para nós. Ele não faria nada que pudesse representar uma negação da Sua encarnação. G. Campbell Morgan explica isso assim: “O inimigo pediu que Ele fizesse uma coisa certa de uma maneira errada, para satisfazer um apetite legítimo de uma maneira ilegal, para fazer uso dos privilégios do Filho violando as suas responsabilidades”.

A primeira coisa que Jesus disse em resposta foi, está escrito (4). A expressão está em um tempo perfeito em grego, o que indica a ação terminada e também o estado resultante como ainda continuando. O significado completo é: “Foi escrito e ainda permanece escrito”. Isso enfatiza a eternidade e a imutabilidade da Palavra de Deus.
Jesus encontrou e derrotou o diabo com a mesma arma que nós temos à nossa disposição: “a espada do Espírito, que é a palavra de Deus” (Ef 6.17). Nas três vezes Ele fez citações do livro de Deuteronômio. A primeira citação foi: O homem não viverá só de pão, mas que de tudo o que sai da boca do Senhor viverá o homem (Dt 8.3). Jesus vivia pela Palavra de Deus, não pelos caprichos do Seu próprio apetite. Nisto, Ele dá um exemplo para todos os Seus seguidores.

Na segunda tentação, o diabo levou Jesus até a cidade Santa (5). No Novo Testamento, esta designação para Jerusalém só é encontrada em Mateus e no livro do Apocalipse. Ela ocorre cinco vezes no Antigo Testamento. O diabo colocou Cristo sobre o pináculo do templo, o lugar mais alto da cidade santa. Morgan destaca com propriedade: “A escolha do lugar é a principal prova da astúcia do adversário”.

Nesse cenário, consagrado por associações sagradas, provavelmente com uma multidão esperando embaixo, Satanás faz uma abordagem completamente diferente. Desta vez ele apela para a confiança total de Jesus em Deus Pai. Antes, a tentação estava no plano físico. Desta vez está em um plano espiritual: Se tu és o Filho de Deus (ou “Já que você é o Filho de Deus”), lança-te daqui abaixo (6). Tão sagrado era o cenário, que o próprio diabo se sentiu incentivado a citar as Escrituras. Ele tentou citar Salmos 91.11- 12. Mas omitiu uma frase importante: “em todos os teus caminhos”. Os caminhos de Cristo são os caminhos de Deus. Se Ele se afastasse da vontade divina não poderia mais reivindicar a proteção divina. Isso é verdadeiro hoje em dia para nós.

Os judeus daquele templo esperavam que o seu Messias aparecesse repentinamente, espetacularmente, no Templo. Aqui estava a oportunidade de Jesus ganhar a aclamação de toda a nação como o seu Messias. Mas Ele resistiu a esta tentação do sensacionalismo. Ao invés disso, Ele iria seguir o caminho simples da humilde obediência ao Seu Pai.
Jesus brandiu a Sua Espada outra vez - a Palavra de Deus. Dessa vez Ele disse: Não tentarás o Senhor, teu Deus (7). O comportamento temerário evidencia não a fé, mas a presunção.

O cenário da terceira tentação foi também diferente: um monte muito alto (8). Aqui o diabo fez a sua aposta mais alta. Depois de dar a Cristo uma visão de todos os reinos do mundo e da glória deles, fez esta surpreendente proposta: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares (9). Que tentação era esta - a de ganhar o mundo inteiro sem ir até a cruz! A essência da tentação foi a de tentar atingir os objetivos aprovados por Deus, usando as estratégias de Satanás. Jesus rejeitou também esta proposta aparentemente plausível.

Ele disse a Satanás que se retirasse. Uma vez mais Jesus citou a Palavra: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele servirás (10). (Veja Dt 6.13.) Aqui está a primeira e mais alta obrigação do homem.

Satanás tentou Jesus em três planos:
1) o físico - alimento; 2) o intelectual - fazer alguma coisa sensacional; 3) o espiritual - adore-me. O diabo ainda tenta os homens nesses três planos.

Em obediência à ordem de Cristo, o diabo se retirou. Então chegaram os anjos e o serviram (11). Eles provavelmente lhe trouxeram comida (cf. 1 Rs 19.5-7) e também lhe ministraram espiritualmente, regozijando-se com Ele na vitória que havia alcançado.

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