O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu afirmou neste domingo ao ministro francês das Relações Exteriores que um recente voto da França na Unesco coloca em dúvida a "imparcialidade" da iniciativa de paz de Paris no Oriente Médio.
"Eu disse que a escandalosa resolução aprovada pela Unesco com o apoio da França, que não reconhece o vínculo milenar entre o povo judeu e o Monte do Templo, joga um manto de sombra sobre a imparcialidade do fórum que a França tenta reunir", declarou Netanyahu depois de receber o ministro Jean-Marc Ayrault.
A França deseja convocar uma reunião ministerial internacional sem a presença de representantes israelenses ou palestinos. No caso de sucesso, poderia resultar em uma reunião de cúpula internacional até o fim do ano.
Após as declarações do premier israelense, Ayrault afirmou aos jornalistas no aeroporto Ben Gurion que a "França não tem interesses particulares, mas está profundamente convencida de que é preciso fazer algo caso não se deseje deixar prosperar aqui na região as ideias do Daesh (acrônimo em árabe do grupo extremista Estado Islâmico)".
Ao ser questionado de maneira concreta sobre as acusações de Netanyahu, o ministro francês respondeu: "Não quero começar a comentar tais ou quais palavras, são palavras de circunstância".
O chefe de Governo israelense fez referência a uma resolução adotada pela Unesco em 26 de abril sobre a mesquita de Al-Aqsa ou Esplanada das Mesquitas de Jerusalém, sem qualquer menção de que também era o local mais sagrado para os judeus, que o chamam de Monte do Templo.
Ayrault visitou Jerusalém antes de viajar a Ramallah para um encontro com o presidente palestino Mahmud Abbas, para defender a ideia da reunião ministerial internacional, com países da UE e da ONU, convocada para 30 de maio na França.
O ministro francês admitiu que a data de 30 de maio pode ser adiada em "no máximo quatro dias" para que o secretário de Estado americano John Kerry "possa comparecer, levando em consideração sua agenda".
Netanyahu reiterou a oposição israelense à iniciativa e voltou a acusar a Autoridade Palestina de negar-se a começar um diálogo direto.
"Eu disse (a Ayrault) que a única maneira de avançar para uma verdadeira paz entre nós e os palestinos é com discussões diretas, sem condições", afirmou.
"Qualquer outra tentativa apenas afastará a paz e dará aos palestinos os meios de evitar confrontar a verdadeira raiz do conflito, que é o não reconhecimento do Estado de Israel", completou.
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