12 de março de 2016

Noticia: Obama diz que Irã e Arábia Saudita devem firmar "paz fria" no Oriente Médio

"E ouvireis de guerras e de rumores de guerras;..." Mateus 24:6
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, acredita que o Irã e a Arábia Saudita devem "compartilhar" sua influência no Oriente Médio através de algum tipo de "paz fria", apesar de sua inimizade arraigada, segundo revelou em entrevista na qual reconheceu o fracasso de sua intervenção militar na Líbia e defendeu suas ações na Síria.

Em uma longa entrevista publicada nesta quarta-feira na revista "The Atlantic", Obama assegurou que uma série de países no Oriente Médio e na Europa são "oportunistas" no sentido em que pressionam os EUA para que se envolvam em conflitos complicados que têm pouco a ver com seus interesses, sem que eles façam sua parte.

O presidente americano também lamentou as consequências para a região causadas pelo aumento das tensões entre a Arábia Saudita, de credo sunita, e o Irã, que é xiita, e sua batalha pela hegemonia no Oriente Médio.

"A competição entre sauditas e iranianos - que ajudou a alimentar guerras e o caos na Síria, no Iraque e no Iêmen - nos leva a dizer a nossos amigos (sauditas) e também aos iranianos que eles têm que encontrar uma maneira eficaz de compartilhar sua influência na região e instituir algum tipo de paz fria", afirmou Obama.

O chefe de Estado americano afirmou que se nega a dizer aos sauditas que "eles têm razão" em tudo, que "o Irã é a fonte de todos os problemas" e que os Estados Unidos apoiarão os sauditas "contra eles".

"Isso significaria basicamente que, na medida em que os conflitos sectários crescem e nossos aliados do Golfo, nossos amigos tradicionais, não tenham a capacidade de apagar sozinhos as chamas, ou ganhar decisivamente por si mesmos, nós teríamos que entrar e usar nosso poder militar para encerrar as batalhas", argumentou.

E isso, para Obama, "não seria interessante para os Estados Unidos, nem para o Oriente Médio".

Obama também reconheceu que foi um erro intervir militarmente na Líbia sob o guarda-chuva da Otan em 2011, algo que já insinuou durante seu discurso durante a Assembleia Geral da ONU em setembro do ano passado.

"Não funcionou", disse Obama sobre a operação internacional que acabou com a ditadura de Muammar Kadafi, que ameaçava cometer um massacre em Benghazi.

Inicialmente, o líder americano se opôs à participação dos EUA na operação internacional, mas foi finalmente convencido por vários integrantes de seu governo, entre eles a ex-secretária de Estado e pré-candidata democrata à presidência do país, Hillary Clinton.

Obama afirmou que alguns países na Europa e no Golfo Pérsico insistiram para que os Estados Unidos agisse, mas "nas últimas décadas, alguns atores adotaram o hábito de nos forçar a agir e, depois, ficam pouco dispostos a se envolver eles mesmos", que foram chamados de "oportunistas" pelo presidente americano.

"Quando olho para trás e me pergunto o que foi ruim, há espaço para as críticas, porque tinha mais fé que os europeus, devido à proximidade com a Líbia, se envolvessem mais" na estabilidade do país depois da operação militar, garantiu, e citou em particular a França e o Reino Unido.

"(Agora) A Líbia é um desastre", reconheceu o chefe de Estado dos EUA.

Obama também defendeu sua decisão de não bombardear posições do regime sírio em 2013, apesar da descoberta de que o regime de Bashar al Assad tinham utilizado armas químicas, algo que ele mesmo tinha assinalado várias vezes como a "linha vermelha" que o faria planejar uma intervenção militar na Síria.

"Estou muito orgulhoso desse momento. O fato de que fui capaz de me conter diante das pressões imediatas e pensar bem nos interesses dos Estados Unidos, não só com relação à Síria, mas com a nossa democracia, foi uma das decisões mais difíceis que tomei, e acredito que, em último caso, foi a decisão correta", acrescentou. 


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Fonte: EFE.

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