19 de outubro de 2017

Noticia: Por 39 a 26 CCJ rejeita denúncia contra Temer; processo segue para Câmara

CCJ aprova relatório que propõe rejeição da denúncia contra Temer, Padilha e Moreira. Palavra final sobre prosseguimento ou não do processo caberá ao plenário. Votação será na quarta (25)
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou nesta quarta-feira (18), por 39 votos a 26 (e 1 abstenção), o relatório do deputado Bonifácio Andrada (PSDB-MG) que propõe a rejeição da denúncia contra o presidente Michel Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral).

Mesmo com a decisão da CCJ, a palavra final sobre o prosseguimento ou não do processo para o Supremo Tribunal Federal (STF) cabe ao plenário da Câmara. A votação será na próxima quarta-feira (25), informou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Se o plenário rejeitar o prosseguimento da denúncia, Temer só poderá ser processado após o fim do mandato (leia detalhes mais abaixo). Se o plenário aprovar o prosseguimento do processo, o Supremo decidirá se aceita ou não a acusação. Se aceitar, Temer será afastado do mandato.

A denúncia contra o presidente

Temer foi denunciado pela Procuradoria Geral da República (PGR) pelos crimes de organização criminosa e obstrução de Justiça. Moreira Franco e Padilha, por organização criminosa.

Segundo a PGR, o grupo do PMDB ao qual eles pertencem atuou em estatais e em ministérios para obter propina. A procuradoria afirma, ainda, que Temer é o chefe da organização criminosa.

Relatório

No relatório aprovado, Bonifácio Andrada afirma que o Ministério Público Federal, “mancomunado com o Judiciário”, causou um “desequilíbrio nas relações entre os poderes da República”.

O relator afirma, ainda, que exerce uma atuação “policialesca”, com o apoio “do noticiário jornalístico que fortalece essas atuações espetacularizadas pelos meios de comunicação”.

Em outro trecho do relatório, Bonifácio Andrada chamou a denúncia apresentada pela PGR de “relatório de acusações que atingem homens públicos desde 2001.”

Para ele, a denúncia faz um “ataque generalizado aos homens públicos do país, sem distinção” e, ao acusar os partidos de integrarem uma organização criminosa, tenta “criminalizar a atividade político-partidária”.

Mais cedo, nesta quarta, antes de a CCJ votar o parecer, Bonifácio afirmou não ter “nada com o governo” e negou agir como um “líder do governo”.

Discussão na CCJ

A CCJ da Câmara destinou duas sessões para os deputados poderem discutir o parecer de Bonifácio Andrada. Nesta quarta, foram quase cinco horas de debate e, nesta terça, quase 12 horas.

Segundo a comissão, 61 deputados se pronunciaram sobre o relatório – 13 se manifestaram a favor e 48, contra.

Entre os deputados que se manifestaram nesta quarta pelo prosseguimento da denúncia está Paulo Pimenta (PT-RS). Para o deputado, Temer e os ministros compõem uma “quadrilha de criminosos”.

O deputado Paes Landim (PTB-PI), aliado de Temer, porém, defendeu a suspensão da denúncia. Para ele, “não é conveniente” autorizar o prosseguimento do processo contra o presidente.

– PMDB, PP, PSD, PR, DEM, PRB, PTB, SD, PSC e PROS orientaram as bancadas a votar a favor do relatório;

– PT, PSB, PDT, Pode, PCdoB, PPS, PSOL, PHS e Rede orientaram voto pela rejeição do parecer;

– PSDB e PV liberaram os deputados para votar como quisessem.

Durante a sessão, deputados da oposição aproveitaram para erguer cartazes contra a decisão do governo de mudar as regras sobre fiscalização do trabalho escravo.

Próximos passos

O parecer aprovado pela CCJ nesta quarta será incluído na pauta de votações do plenário da Câmara na sessão seguinte ao recebimento pela Mesa Diretora. Não há data marcada para a votação.

No plenário, o relatório de Bonifácio Andrada será submetido a discussão e a votação nominal.

Assim como na votação da primeira denúncia contra Temer, e como num processo de impeachment, os deputados serão chamados a um microfone instalado no plenário e terão de dizer se defendem ou não o prosseguimento do processo contra Temer para o Supremo.

Pelo regimento:

– A chamada dos deputados será feita alternadamente dos estados do Norte para os estados do Sul;
– Os nomes serão chamados por um dos secretários da Câmara;
– Os deputados seguirão para o microfone e terão de responder “sim” ou “não”.

Aprovação da denúncia

Se 342 deputados ou mais votarem pelo prosseguimento da denúncia contra Temer, o STF fica autorizado a instaurar um processo.

Com a autorização, os 11 ministros do STF terão de decidir se o presidente Michel Temer vira réu. Nesse caso, ele será afastado do cargo por até 180 dias.

O presidente só perderá o cargo definitivamente se for condenado pelo Supremo. Nessa hipótese, quem assume o cargo é o presidente da Câmara, que convoca eleições indiretas em até um mês.
Segundo a Constituição, o novo presidente da República será escolhido pelo voto de deputados e senadores.

Rejeição da denúncia

Se a Câmara rejeitar o prosseguimento da denúncia, o Supremo ficará impedido de dar andamento à ação, que será suspensa, não arquivada.

O processo só poderá ser retomado após o fim do mandato do presidente, em 31 de dezembro de 2018.

Na primeira denúncia contra Temer, por corrupção passiva, a Câmara rejeitou o prosseguimento do processo por 263 votos a 227.
Fonte: G1
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