O operador Lúcio Funaro já fechou acordo de delação premiada. Imagens entregues por ele estão sendo periciadas pela PF e devem reforçar acusações contra políticos de renome
O operador Lúcio Bolonha Funaro entregou à Procuradoria-Geral da República (PGR) um disco rígido com vídeos gravados em seu escritório, em São Paulo, no qual aparecem políticos e empresários. O material está sendo periciado pela Polícia Federal (PF), segundo disse ao ‘Globo’ uma fonte ligada ao caso. As imagens devem reforçar as acusações que Funaro fez em sua delação premiada, especialmente contra políticos que hoje tentam minimizar as relações que mantinham com o operador do PMDB.
A delação de Funaro é um dos pilares da segunda denúncia que o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot apresentou contra o presidente Michel Temer. O presidente foi acusado de integrar uma organização criminosa e de tentar obstruir as investigações da Lava Jato. A delação de Funaro também atinge dois dos principais ministros de Temer, Moreira Franco (secretaria-geral da Presidência) e Eliseu Padilha (Casa Civil), e pelo menos mais 20 políticos ligados ao ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
No HD de Funaro estariam registrados encontros do operador com políticos e empresários no escritório dele em São Paulo. Bem antes do operador fazer acordo de delação, investigadores suspeitavam que nos vídeos estariam documentadas conversas sobre métodos de arrecadação e distribuição de dinheiro, nos moldes do que fez o delegado Durval Barbosa, o pivô da Operação Caixa de Pandora, o escândalo que devastou a administração do ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda.
Incluído na denúncia por obstrução de Justiça e organização criminosa apresentada contra Temer com base na delação de Funaro, o ministro Eliseu Padilha contratou para a sua defesa o criminalista Daniel Gerber, ex-advogado e processado por Funaro.
Gerber defendeu o operador e chegou a participar do início das tratativas para que Funaro fechasse acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal (MPF). Pouco depois, no entanto, deixou a defesa e hoje trava uma briga na Justiça com Funaro.
O doleiro é tido como braço-direito do ex-deputado Eduardo Cunha, preso e condenado no âmbito da Operação Lava Jato. Funaro resolveu processar o advogado e acusa Gerber de abandono de causa, além de cobrar R$ 750 mil do criminalista.
Fonte: O Globo
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