Apesar de conversa inicial, investigadores preferem que o ex-governador não tenha benefício de colaboração premiada
O Ministério Público Federal (MPF) não decidiu se abre negociações para umaeventual colaboração do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ). Inicialmente, a oferta foi rechaçada pelos procuradores da República do Rio de Janeiro, com o apoio dos colegas de Curitiba. Porém, o advogado Sérgio Riera, responsável pela defesa de Cabral, conseguiu ser recebido por um integrante da força-tarefa do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em Brasília, sem que o encontro tivesse representado o início de uma delação. A informação é do ‘O Globo’.
Se depender da posição das forças-tarefa de Curitiba (Lava Jato) e Rio de Janeiro (Calicute), as negociações não avançarão a favor de Cabral. Para elas, a sociedade ganha mais com o ex-governador condenado do que com o resultado de sua eventual colaboração premiada. Mas a questão ainda não está totalmente decidida.
Acusações
Contra o ex-governador do Rio pesa a acusação de ser o chefe de uma organização criminosa que teria desviado, somente em valores já recuperados pelos investigadores, R$ 270 milhões. Perto de completar cinco meses de prisão, em Bangu, ele corre contra o tempo. O ex-governador sabe que, dificilmente, escapará de pena pesada — 44 anos, preveem os seus advogados, mas o tempo pode ser maior — e tenta convencer a equipe de Rodrigo Janot que tem muito a contribuir no avanço das investigações no estado que governou por quase oito anos.
Ao buscar uma negociação em Brasília, Cabral está provavelmente oferecendo informações sobre ex-aliados com foro privilegiado. É competência do Supremo Tribunal Federal (STF) processar e condenar deputados e senadores. Porém, dificilmente o Ministério Público Federal cederia aos apelos em troca de delações contra integrantes da bancada parlamentar fluminense. O mais provável é que o ex-governador apresente as cartas escondidas na manga ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde são julgados governadores, desembargadores e conselheiros de tribunais de contas.
Fonte: O Globo
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