Resumo dos cap. 8 e 9 quanto aos milagres
Os relatos de milagres dos cap. 8 e 9 evidenciam o sentido profundo dos milagres de Jesus como tais. Podemos falar inicialmente de um significado tríplice dos milagres.
• Os milagres são uma parte da revelação de sua glória
“A enfermidade não é para a morte, mas para a glorificação de Deus, a fim de que o filho de Deus seja glorificado através dela” (Jo 11.4). É maravilhoso: sua glória revela-se sempre naquelas situações em que há menos esperança, em que acabaram as possibilidades de socorro deste mundo.
• Os milagres são uma parte do sofrimento de Deus (cf. a explicação de 8.17).
• Os milagres são uma parte da irrupção do que virá, são escatologia que irrompe, são promessas da glória perfeita de Deus e de seu reino no século vindouro.
Portanto, os milagres têm um significado programático. Eles apontam para a integridade perdida da criação, para a sua restauração, sua reabilitação e renovação. Devem ser novamente sarados: a alma com o corpo, o homem com a criação toda. Aqui nos milagres do Senhor iniciou-se sem alarde o que mais tarde será executado pública e amplamente. O que acontece no milagre, o salmista já pressentiu profeticamente: “Que te perdoa todos os teus pecados e cura todas as tuas enfermidades”
(Sl 103.3). Nesse “e” reside o que é decisivo, o que é novo de Deus. Nele reside toda a redenção, o grande “e” de Deus, no qual ele reúne céus e terra e restabelece a “integridade” da sua criatura. Corpo e alma e criação são redimidos.
Cada grupo de sinais aponta à sua maneira para uma característica do século vindouro:
As curas de enfermos anunciam: No futuro mundo de Deus não haverá mais enfermidade e decadência. O Senhor retirará todo sofrimento corporal e toda dor (Ap 21.4).
As expulsões de demônios atestam: A autoridade de Satanás e de todos os poderes sombrios já está quebrada (Lc 10.18; 1Jo 3.8).
Os milagres na natureza prometem a restauração da paz originária de Deus, até mesmo na criação extra-humana (Rm 8.20ss). Eles não são uma suposta interferência na harmonia da natureza, como defendia Espinoza, mas exatamente a cura dela.
Por fim, as ressurreições apontam para o fato de que a vontade última de Deus com sua criação não é a morte e decomposição, mas sim a vida e imortalidade. Como último inimigo a morte será aniquilada (1Co 15.26; Ap 21.4) e não reinará mais na “cidade de Deus”. Est á chegando a “páscoa do mundo”! (cf. Gerhard Schmidt em Katechetische Anleitung).
As narrativas de milagres evidenciam com poder e clareza que Cristo penetrou no tempo. Os milagres do Senhor são prelúdio e aperitivo, primeira prestação e manual de instruções, abertura e prelúdio daquilo que os novos céus e a nova terra abrangem.
Em At 2.22 encontram-se os três termos gregos utilizados no NT para milagres, na pregação de Pedro em Pentecostes: “Varões israelitas, atendei a estas palavras: Jesus, o Nazareno, varão aprovado por Deus diante de vós com milagres, prodígios e sinais, os quais o próprio Deus realizou por intermédio dele entre vós”.
A partir do texto original, esses três termos para milagres podem também ser vertidos da seguinte maneira: Jesus foi ratificado por Deus diante de vocês por meio de atos de poder (dýnamis), por indicações significativas do futuro e por sinais (do que virá).
Os milagres de Jesus equivalem, em linguagem metafórica, a pequenas conchas que precisamos encostar ao ouvido uma após a outra. Em cada uma o ouvinte percebe o marulhar dos mares da eternidade, a certeza da glória vindoura!
Fonte: Mateus - Comentário Esperança
Bíblia expositiva: Novo testamento, comentário expositivo
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