A cura dos dois cegos, Mt 9.27-31
27-31 Partindo Jesus dali, seguiram-no dois cegos, clamando: Tem compaixão de nós, Filho de
Davi! Tendo ele entrado em casa, aproximaram-se os cegos, e Jesus lhes perguntou: Credes que eu posso fazer isso? Responderam-lhe: Sim, Senhor! Então, lhes tocou os olhos, dizendo: Faça-se-vos conforme a vossa fé. E abriram-se-lhes os olhos. Jesus, porém, os advertiu severamente, dizendo: Acautelai -vos de que ninguém o saiba. Saindo eles, porém, divulgaram-lhe a fama por toda aquela terra.
Observação preliminar
Mateus encerra com duas curas maravilhosas o relato de milagres dos cap. 8 e 9:
A cura dos dois cegos;
A cura do surdo-mudo.
Os dois relatos fazem parte do material exclusivo de Mateus, ou seja, é somente Mateus quem traz esses relatos de milagres, e o faz “com muito amor”. Cronologicamente ambas as narrativas se inserem imediatamente após os últimos acontecimentos do grande dia que começou na terra dos gadarenos.
É evidente que o Senhor concedeu a visão a muito mais do que a esses dois cegos mencionados. No seu exaustivo estudo sobre os cegos dos evangelhos, o médico Knur comprova que, no tempo de Jesus, o número de pessoas que se tornaram organicamente cegas deveria ser bem maior no povo judeu do que hoje em dia.
Mal o Senhor havia partido da casa de Jairo, para ir ele próprio para casa, isto é, para chegar à casa de Pedro em Cafarnaum (que era onde ele morava quando estava na c idade), aparecem de novo dois pedintes atrás dele. São dois cegos, clamando: Tem compaixão de nós, Filho de Davi!
É a primeira vez que nos deparamos com o nome “Filho de Davi”, e pronunciado por dois israelitas. Com a expressão “Filho de Davi” indica-se a relação de Jesus com Israel. Ele é o herdeiro anunciado do “rei Davi”. Como descendente de Davi, o rei de Israel, afirma-se sua reivindicação pelo domínio vindouro sobre Israel. Os milagres inauditos eram considerados indícios de que Jesus era o Messias, o ungido e rei anunciado no AT. Contudo, porque o nome “Filho de Davi” podia ser distorcido politicamente, o Senhor nunca o usou como designação de si próprio. Também por causa da interpretação apenas exterior e terrena, o Senhor desejava ser reservado em relação a esse nome aqui na Galiléia.
É por isso que o Senhor recebe os dois cegos somente em casa. Após examinar a sua fé, o Senhor atende o seu insistente pedido. A cura acontece mediante um toque firme sobre os olhos, a fim de que Jesus se torne perceptível aos que não podem vê-lo.
De modo simbólico, Jesus quer dar-lhes a entender o presente da visão. É justamente nisso que se mostra que Mateus não está somente interessado numa única maneira e forma pela qual Jesus curou, a saber, na cura pela mera e poderosa “palavra”. Na verdade, de acordo com ele, ocorre uma ampla diversidade nos procedimentos das curas. Uma vez o Senhor curava pela simples palavra (p. ex., Mt 8.13), outra vez pela palavra e pelo abraço (p. ex., Mt 8.3), uma vez pelo toque somente (Mt 8 .15 e 9.25) e outra vez sem qualquer ação perceptível (Mt 9.33).
O milagre acontece. Os dois cegos veem. Agora ocorre o que já lemos diversas vezes. Jesus ordena severamente aos curados: Cuidem para que ninguém o saiba! Ninguém deve sabê-lo. O quê? Que os homens cegos recuperaram a visão! Por que o Senhor faz isso? Ele age assim para que sua ação milagrosa não seja interpretada mal. Não deve ser cultivada a obsessão por milagres, e sim a fé nele, o Senhor! Jesus não quer reunir ao seu redor pessoas ansiosas por exibições unicamente para satisfação de suas necessidades terrenas, mas pessoas que levam a sério sua tarefa essencial, o autêntico reconhecimento de sua real e verdadeira tarefa e missão de redentor (cf. o exposto sobre 8.4, referente à proibição de testemunhar a cura milagrosa).
Fonte: Mateus - Comentário Esperança
Bíblia expositiva: Novo testamento, comentário expositivo
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