Segundo relatório do Escritório de Direitos Humanos da ONU, o conflito civil provocou p deslocamento de mais de dois milhões de sul-sudaneses, e o assassinato de "centenas de milhares".
Os dados divulgados pela Acnur indicam que no último ano 14 mil sul-sudaneses se refugiaram em Uganda e 11 mil no congo, e desde 2013 outras 900 mil pessoas fugiram para a República Centro-Africana, país onde a situação política e de segurança também é muito volátil.
Todos estes refugiados e deslocados fugiram da escalada de violência documentada pelas Nações Unidas, que alertou que os ataques contra a população civil e, especificamente, os de tipo sexual, explodiram.
Desde 2013, todas as partes do conflito realizam ataques contra civis, estupros, detenções arbitrárias, sequestros e privações de liberdade, desaparições e inclusive ataques a equipes e instalações da ONU, segundo um relatório do Alto Comissariado de Direitos Humanos.
Só entre abril e setembro de 2015, a ONU registrou em uma das províncias do país mais de 1.300 estupros, o que sugere que "os abusos sexuais estão sendo utilizados como arma de guerra e como prática aceitável entre as milícias".
O documento descreveu que as mulheres são tratadas como propriedades e são forçadas a deslocarem para onde estão seus agressores, algumas obrigadas a se casarem com eles, e outras devolvidas à família, onde também sofrem violência doméstica pela vergonha e o estigma de terem sido estupradas.
A violência sexual também afeta as crianças. Desde o início do conflito, a ONU registrou 702 casos de estupros de crianças com menos de nove anos.
E desde 2014 foram recrutadas cerca de 617 menores, embora as agências temam que este número seja maior.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alertou que a ajuda humanitária para o país está a beira do colapso, o que colocará centenas de milhares de crianças em perigo.
A agência humanitária advertiu que só conseguiu arrecadar 18% do valor solicitado, o que pode deixar 3,3 milhões de crianças sem vacinas contra o sarampo, além de 260 mil não poderem voltar à escola e 7.300 não poderem ser reunidos com suas famílias.
Além disso, o Unicef disse que as reservas essenciais de alimentos acabarão em agosto, fato que, unido à época de "vacas magras" esperada para maio, deixará 40 mil pessoas em risco de inanição.
A pobreza também aumentou de maneira alarmante nas cidades, pois os preços dos alimentos dispararam.
Em Juba, a capital, a taxa de desnutrição infantil é três vezes mais alta que nas zonas rurais próximas.
O porta-voz do Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), Jens Laerke, expressou em entrevista coletiva sua preocupação com o pouco financiamento recebido (7,8% do total, cerca de US$ 100 milhões) pelos doadores para enfrentar a situação no Sudão do Sul.
"Sabemos que leva tempo para conseguir o dinheiro, mas a esta altura (a ajuda foi pedida em dezembro) esperávamos contar com um valor mais alto", lamentou.
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