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Apocalipse 4
Introdução
O capítulo 1 do Apocalipse descreve o Cristo Vitorioso no drama que o Apóstolo João estaria desvendando em sua visão. Os capítulos 2 e 3, relatam o auditório a quem se destina este drama. Este público-alvo primariamente são as sete igrejas da Ásia Menor, mas, em um sentido mais amplo, significa todas as igrejas e crentes em todos os tempos. Até aqui, o material apresentado foi uma preparação para o que se inicia neste capítulo 4, objeto deste nosso estudo. A partir de agora, surgirão cenas cujo objetivo é dar aos cristãos perseguidos, especialmente aqueles da época do imperador Domiciano, a certeza de que a causa de Cristo será completa e indubitavelmente vitoriosa. Este capítulo e o estudo seguinte servem como uma introdução ao que se desenvolverá a seguir.
Antes porém de prosseguirmos na tentativa de entender a cena descrita neste capítulo, é importante enfatizar três dos princípios necessários para melhor compreender o simbolismo utilizado.
A linguagem usada é classificada como "apocalíptica", isto é, ela não apela à razão, mas à imaginação.
A mensagem dos símbolos deve ser vista de uma forma geral e não nos seus detalhes. Estes, em sua maioria, não trazem nenhuma mensagem específica, mas apenas compõem o cenário, contribuindo para a cor, luz, som e movimento da cena.
A utilização de números quase nunca têm significado numérico ou aritmético. A numerologia judaica, presente em diversos outros escritos, revela que o número um simbolizava a própria unidade (um objeto). Já o número dois, estava relacionado ao conceito de fortaleza, confirmação ou coragem (duas testemunhas). O três, vinculava-se ao divino (pai, mãe, filho) enquanto que o quatro, simbolizava o mundo físico (quatro pontos cardeais). O número cinco são os dedos da mão, sendo por isso, associado à perfeição humana (quando não há mutilação na guerra, os dedos da mão são cinco). O dobro de cinco, que é dez, constituem os mandamentos de Deus. O sete, resultado da soma do quatro (mundo físico) e três (divino) simboliza a perfeição e o seis, que falhou em sua tentativa de alcançar o sete da perfeição, está associado à falha ou à queda. Há também outros números que são combinações, como é o caso do 666 (o número da besta) ou o quarenta, que quer dizer provação humana (quarenta anos do povo de Israel no deserto, quarenta anos de exílio de Moisés), ou o setenta, que quer dizer super sagrado ou ainda 3 x 4 = 12, que significa a religião organizada (doze tribos de Israel, doze discípulos).
O Trono de Deus, os 24 Anciãos e os 4 Seres Viventes
João, o autor do Apocalipse, em espírito, entra pela porta do céu para receber a grande primeira visão. A mensagem da visão, que se segue na narrativa bíblica, tenta mostrar um retrato de Deus, de Sua soberania sobre o Universo e de alguns de seus atributos:
Deus é espírito: O Apóstolo João, na realidade, não tenta (ou não consegue) retratar o Soberano de todo o Universo. No texto diz somente que Ele é semelhante a alguma coisa. Ele o compara a pedras como o jaspe, um cristal e a sardônica, uma pedra avermelhada de brilho faiscante. Ao comparar a natureza de Deus a essas pedras, o autor sugere que a expressão do caráter de Deus é gloriosa.
Deus é soberano: "Ao redor do trono há também 24 tronos e assentados sobre esses tronos estão 24 anciãos... em cujas cabeças estão coroas de ouro". É possível que essas pessoas representem os doze patriarcas da velha dispensação e os doze apóstolos da nova. De tempos em tempos os vinte e quatro anciãos prostram-se diante daquele que se encontra assentado no trono e depositam suas coroas diante do trono. Esses anciãos são reis pois usam coroas mas demonstram com sua atitude que Deus é Soberano, o grande Rei sobre todas as coisas. Esta é uma forma de mostrar a falácia da pretensão blasfema do imperador Domiciano, de se proclamar divino. Aqueles crentes perseguidos se sentiriam grandemente encorajados com essa perspectiva de quem é realmente soberano.
Deus é Poder: "Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões". Esta referência revela o poder de Deus a partir das manifestações da Natureza criada por Ele.
Deus é imanente na sua Criação: Aqui há menção aos "sete espíritos" de Deus, numa referência ao perfeito Espírito Santo de Deus, que continuamente visita os crentes para os ensinar, consolar e capacitar.
Deus é Santo: O texto se refere a um mar de vidro diante do trono de Deus, sugerindo o quanto Deus é transcendente e majestoso. Por causa da majestade divina o homem não pode se aproximar de Deus porque Ele é Santo (há uma separação entre Deus e o homem, que é o mar).
Deus é a Fonte de Vida: A visão neste ponto fala de quatro seres viventes no meio e à volta do trono. Cada um deles é semelhante, respectivamente, a um leão, a um novilho, a um homem e a uma águia voando. Cada um desses seres têm seis asas. Aparentemente os seres viventes descritos representam todos os seres viventes da Natureza: os animais selvagens, os animais domésticos, os seres humanos e os pássaros. Estes estão sempre no trono de Deus onde reside toda a fonte de vida.
Conclusão
O capítulo 4 de Apocalipse, que ora concluímos, dá início às descrições das visões que se ampliarão nas partes subseqüentes do livro. Em essência este capítulo apresenta a soberania de Deus, que é o Eterno e o Criador que protege o Seu povo. Este é o encorajamento que inicialmente é apresentado aos perseguidos e massacrados cristãos da Ásia Menor mas que se aplica a todos os crentes em todos os séculos. O sofrimento, perseguições e provações são coisas temporárias, dado que Deus, o nosso Defensor, é o Soberano da História.
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