Título: Jesus e o seu tempo — Conhecendo o contexto da sociedade judaica nos tempos de Jesus
TEXTO DO DIA
“Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens” (Mt 5.13).
SÍNTESE
Os discípulos de Jesus foram chamados para testemunhar a fé em Cristo em todas as esferas da sociedade.
AGENDA DE LEITURA
SEGUNDA — Lv 2.13
Oferta temperada com sal
TERÇA — Cl 4.6
Palavra temperada
QUARTA — Pv 13.9
A luz do justo
QUINTA — Fp 2.14-15
Resplandecendo como astros no mundo
SEXTA — 2Pe 1.19
Candeia que alumia na escuridão
SÁBADO — Lc 12.8,9
Confessando o Senhor diante dos homens
OBJETIVOS
CONHECER o significado da metáfora que Jesus empregou aos seus discípulos, chamando-os de sal da terra e luz do mundo;
SABER que os salvos devem fazer notar a fé cristã em todos os segmentos da sociedade;
COMPREENDER a responsabilidade da Igreja de promover o Reino de Deus aqui na Terra.
INTERAÇÃO
Influenciados por uma forte tendência de secularização, muitos cristãos aceitam atualmente a ideia enganosa de que a fé é algo eminentemente privado e que, por isso, deve ser vivida e expressada somente no âmbito pessoal e religioso, sem a possibilidade de influenciar toda a sociedade. Contudo, ao chamar os seus discípulos de sal da terra e luz do mundo, Jesus uma vez mais deixou transparecer o caráter público da fé cristã, identificando-a como uma cosmovisão, uma visão de mundo abrangente. Os escritores Charles Colson e Nancy Pearcey captam a essência da cosmovisão cristã ao afirmarem: “Nosso trabalho não é somente construir a Igreja, mas também construir uma sociedade para a glória de Deus”.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Prezado professor, chegamos ao final do trimestre. Neste domingo, logo na introdução da aula, recapitule com os seus alunos os temas que foram tratados no decorrer da lição. Pergunte a eles o que mais lhes despertou a atenção e ficou marcado na mente de forma especial. Recorde que além do conhecimento bíblico adquirido, o conteúdo deve produzir mudança e atitude prática em nossas vidas. Na sequência, destaque que esta lição final sintetiza tudo o que foi estudado nos domingos anteriores com base em Mateus 5.13, em que Cristo estabelece os princípios orientadores para vivermos nesta terra, com a metáfora do sal e da luz. Na conclusão, ore juntamente com os seus alunos, pedindo ao Senhor fortalecimento espiritual e discernimento bíblico, a fim de cumprir o compromisso de sermos discípulos autênticos e transparentes, para a glória de Deus.
TEXTO BÍBLICO
Mateus 5.13-16.
13 — Vós sois o sal da terra; e, se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta, senão para se lançar fora e ser pisado pelos homens.
14 — Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;
15 — nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas, no velador, e dá luz a todos que estão na casa.
16 — Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus.
INTRODUÇÃO
No Sermão do Monte, logo após falar sobre as bem-aventuranças, o Senhor Jesus utiliza dois símbolos comparativos alusivos aos seus discípulos: sal e luz. Nessa dupla figura alegórica possuidora de rico significado, o Mestre realça as qualidades essenciais do verdadeiro cristão, aquilo que ele é e deve testemunhar para toda a sociedade. Isso diz respeito a caráter e integridade. Qualidades que devem fazer notar a transparência da vida autenticamente cristã. Com efeito, nesta lição de encerramento do trimestre, aprenderemos sobre as características dos dois elementos mencionados pelo Mestre, bem como a sua simbologia para a vida cristã.
I. OS DISCÍPULOS COMO O SAL DA TERRA (Mt 5.13)
1. O valor do sal nos tempos de Jesus. O primeiro símbolo utilizado por Jesus referindo-se aos discípulos é o sal, um importante elemento com características bem peculiares e úteis para o ser humano. Em Israel, o sal era uma iguaria valiosa, usada para temperar os alimentos, fertilizar o solo e, até mesmo, como produto medicinal. No Império Romano, inclusive, os soldados eram retribuídos com sal, de onde advém a palavra salário (do latim salarium), o qual podia ser trocado por alimentos e outros produtos.
2. Propriedades do sal. Para compreendermos a simbologia utilizada pelo Mestre, precisamos conhecer as duas finalidades essenciais do sal:
a) Preservar. Naquela época e, até mesmo, nos dias atuais, o sal era utilizado para conservar alguns alimentos contra a decomposição natural. Em sua alegoria, o Mestre revela que os discípulos são a reserva moral desse mundo decadente, batalhando contra a corrupção, imoralidade e inversão de valores (Is 5.20). Eis o motivo porque os crentes geralmente são chamados de fundamentalistas e conservadores, pois pautam suas condutas na ética do Reino. A Bíblia diz que devemos ser santos, porque o Senhor é santo (1Pe 1.16).
b) Temperar. O sal também serve para salgar e dar sabor aos alimentos. O tempero salino, quando aplicado na medida certa, dá vida à comida. Uma refeição sem sal não tem sabor é “sem graça”. Do mesmo modo, o mundo sem o sabor do evangelho é triste e sem sentido. Os discípulos receberam a incumbência de temperar esse mundo por meio do testemunho e do anúncio das Boas Novas transformadoras de Cristo (Mc 16.15), oferecendo vida abundante (Jo 10.10), graça (Tt 2.11), esperança, propósito, paz (Ef 2.17) e amor verdadeiro (Jo 3.16) àqueles que vivem na terra.
3. A inutilidade do sal. Jesus, porém advertiu acerca da inutilidade da falta de sabor: “e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens” (Mt 5.13). Naquele tempo, ao ser recolhido da região do Mar Morto, o sal que havia perdido a sua propriedade para salgar não era logo jogado fora. Ele era guardado no templo de Jerusalém e quando as chuvas de inverno tornavam os pátios escorregadios, o sal era espalhado para evitar as quedas, sendo pisado pelos homens. Com isso, Jesus alerta para o perigo da perda da essência do sal. Sal que não preserva e não tempera não presta para nada mais; é irrelevante. É como o açúcar que não adoça ou a água que não mata a sede. Não tem qualquer utilidade! Do mesmo modo, o discípulo que não cumpre o seu papel e não observa o seu compromisso com o Mestre é como o servo inútil (Mt 25.30) ou a vara que não dá fruto (Jo 15.2). Como consequência, o sal é lançado fora e pisado pelos homens. Que tragédia! Batalhemos, jovens, para não perdermos o sabor do Evangelho em nossas vidas.
Pense!
Perder o sabor do sal eqüivale a perder a essência da vida cristã.
Ponto Importante
Preservar e temperar são as duas principais finalidades do sal.
II. OS DISCÍPULOS COMO A LUZ DO MUNDO (Mt 5.14)
1. A transparência da luz. O segundo símbolo rico de significado atribuído pelo Senhor aos discípulos foi a luz (Mt 5.14), uma das magníficas obras de Deus na criação (Gn 1.3). A luz ilumina e aquece os ambientes, e no lugar em que as suas ondas chegam, as trevas se dissipam. Ela simboliza a transparência da vida cristã, testemunhada na sociedade pela conduta reta e virtuosa, vista por todas as pessoas. A verdade subjacente dessa analogia é que a postura do súdito do Reino deve ser exemplar, ainda que o contexto social e cultural caminhe na direção contrária. O jovem cristão não pode ser um “agente secreto” de Cristo em sua escola, faculdade ou trabalho, escondendo sua identidade cristã. O apóstolo Paulo expressou essa verdade ao dizer que devemos ser irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis, no meio de uma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandecemos como astros no mundo (Fp 2.15).
2. Cristo, luz para as nações. Ao interpretarmos essa ilustração em harmonia com outras passagens bíblicas, veremos que a luminosidade do cristão não é própria. Ela é originada no Pai celestial (Tg 1.17), e refletida pelo salvo como a luz de Cristo. Jesus disse: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8.12). Logo, o cristão, como luzeiro do mundo, não reflete a si mesmo, nem a sua glória, mas a glória de Cristo, iluminando a sociedade em que vive, para que esta glorifique a Deus. Leiamos a majestosa declaração paulina: “Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos, por amor de Jesus. Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo” (2Co 4.5,6).
3. A luz escondida. Além do sal insípido, Jesus adverte sobre a luz encoberta. Naquela época, a iluminação residencial era realizada tipicamente pela candeia, uma espécie de lâmpada abastecida com óleo. O Mestre diz que a candeia não pode ser colocada debaixo do alqueire (uma vasilha de medida de alqueire, que servia para medir cereais, feita de barro), mas no velador, um móvel específico e alto que servia para colocar as lâmpadas, a fim de que todo o ambiente fosse iluminado. A ênfase de Jesus é sobre o local apropriado para a lâmpada, que deve ser posta em lugar aberto e público. O princípio bíblico daí extraído é que o crente deve revelar a sua luminosidade espiritual publicamente e se fazer notar em todos os segmentos da sociedade, não vivendo enclausurado entre as quatro paredes da igreja. O templo é o local de comunhão e devoção. Mas é na sociedade que devemos testemunhar o amor do Pai e a transformação de nossas vidas, de modo que as pessoas vejam as nossas boas obras e glorifiquem a Deus.
Pense!
“Os verdadeiros discípulos resplandecem como astros no mundo (Fp 2.15), refletindo a glória de Cristo para toda a Terra”.
Ponto Importante
A luz do cristão deve ser notada em todos os segmentos da sociedade.
III. IGREJA, PROMOVENDO O REINO DE DEUS NA TERRA (Mt 11.5; 28.19)
1. A Igreja de Cristo. Seguramente, ao destacar a responsabilidade dos discípulos como sal e luz da terra, o Mestre tinha em mente não o papel individual de cada cristão, mas um chamado coletivo. A expressão “vós” indica unidade e comunhão, que encontra a sua expressão máxima na vocação da Igreja do Senhor. O vocábulo “igreja” provém do grego ekklesia e significa “os chamados para fora”, amoldando-se uma vez mais na dupla alegoria do Nazareno, porquanto o sal tem utilidade somente fora do saleiro e a luz, no ambiente aberto.
2. O fundamento da igreja. A Igreja não é uma mera organização humana. É um projeto de Deus (Ef 1.10; 3.1-13), edificada em Cristo Jesus (Mt 16.13-18). Naquela que ficou conhecida como a declaração de Cesareia, o Senhor afirmou: “Pois também eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18). O alicerce não é Pedro, e, sim, o Senhor Jesus, a Rocha inabalável (Rm 9.33). O próprio discípulo reconheceu essa verdade ao chamá-lo de a pedra angular (1Pe 2.6).
3. Agência do Reino de Deus. Afinal, qual a relação entre a Igreja e o Reino de Deus? A Igreja não é o Reino de Deus em sua plenitude, mas a sua expressão entre os homens. Como Igreja, ela não proclama a si mesma, mas o Reino de Deus. Ela não é um fim, mas o instrumento que apresenta ao mundo o Senhor do Reino e introduz em suas fronteiras os seres humanos arrancados do reino das trevas. Logo, a Igreja é a agência divina que promove o Reino de Deus aqui na Terra, pelo testemunho e prática no dia a dia da presença real do governo divino em todas as dimensões da vida, proclamando que Jesus salva, cura, transforma, batiza com o Espírito Santo e, em breve, voltará nas nuvens para buscar o seu povo. Precisamos clamar ao Senhor para que Ele continue a fortalecer o seu povo nestes últimos dias, diante de tantos desafios e guerra cultural.
Pense!
A Igreja é a expressão do Reino de Deus entre os homens.
Ponto Importante
A Igreja do Senhor é agência de Deus nesta terra, vivenciando e proclamando o Reino dos Céus.
CONCLUSÃO
A declaração de que os discípulos são o sal da terra e a luz do mundo ainda continua a ecoar nas Escrituras. Como Igreja, cabe-nos a missão de vivenciar e anunciar de forma autêntica o Reino de Deus no tempo presente, assim como os apóstolos e a Igreja Primitiva o fizeram nos primeiros séculos da Era Cristã.
Chegamos ao fim de nosso trimestre. Esperamos que o estudo sobre o contexto social, político, cultural e religioso da terra e do tempo de Jesus, nos instigue a colocar em prática os ensinamentos do Mestre no ambiente em que vivemos.
ESTANTE DO PROFESSOR
COLSON, Charles; PEARCEY, Nancy. O Cristão na Cultura de Hoje.
GOWER, Raph. Novo Manual dos Usos e Costumes dos Tempos Bíblicos.
HORA DA REVISÃO
1. Quais as duas principais finalidades do sal?
Preservar e temperar.
2. O discípulo que não cumpre o seu papel e não observa o seu compromisso com o Mestre é como quem?
O servo inútil (Mt 25.30) e a vara que não dá fruto (Jo 15.1).
3. Qual o significado da figura do discípulo como a luz do mundo?
Simboliza a transparência da vida cristã, testemunhada na sociedade pela conduta reta e virtuosa, vista por todas as pessoas.
4. A luminosidade do cristão é própria? Por quê?
Não, pois ela é refletida pelo salvo como a luz de Cristo (Jo 8.12).
5. Por que a Igreja é uma agência divina?
Porque ela foi criada com propósitos bem específicos para cumprir a missão de Deus aqui na terra.
SUBSÍDIO
“Se quisermos restaurar o nosso mundo, em primeiro lugar devemos nos libertar da noção confortável de que o cristianismo é uma mera experiência pessoal, que se aplica somente à vida privada de alguém. ‘Nenhum homem é uma ilha’, escreveu o poeta cristão John Donne. Mas um dos grandes mitos de nossos dias é o de que nós somos ilhas — que as nossas decisões são pessoais e que ninguém tem o direito de nos dizer o que fazer nas nossas vidas particulares. Nós nos esquecemos facilmente de que cada decisão particular contribui para o ambiente moral e cultural em que vivemos [...]. Os cristãos são salvos não apenas de alguma coisa (o pecado), mas também para alguma coisa (a soberania de Cristo sobre toda a vida). A vida cristã começa com a restauração espiritual, que Deus opera pela pregação da sua Palavra, da oração, da adoração e do exercício dos dons espirituais em uma igreja local. Este é apenas o começo indispensável, pois somente a pessoa redimida pode ser cheia do Espírito de Deus e pode verdadeiramente conhecer e realizar o plano de Deus. Mas então devemos proceder à restauração de toda a criação de Deus, o que inclui as virtudes privadas e públicas; a vida pessoal e familiar; a educação e a comunidade; o trabalho, a política e a lei; a ciência e a medicina; a literatura, a arte e a música. Este objetivo redentor permeia tudo o que fizermos, porque não existe uma linha divisória invisível entre o que é sagrado e o que é secular. Devemos trazer ‘todas as coisas’ sob a soberania de Cristo” (COLSON, C.; PEARCEY, N. O Cristão Na Cultura de Hoje. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2006, pp.36,37,39,40).Comentarista: Valmir Milomem
SÍNTESE
Os discípulos de Jesus foram chamados para testemunhar a fé em Cristo em todas as esferas da sociedade.
AGENDA DE LEITURA
SEGUNDA — Lv 2.13
Oferta temperada com sal
TERÇA — Cl 4.6
Palavra temperada
QUARTA — Pv 13.9
A luz do justo
QUINTA — Fp 2.14-15
Resplandecendo como astros no mundo
SEXTA — 2Pe 1.19
Candeia que alumia na escuridão
SÁBADO — Lc 12.8,9
Confessando o Senhor diante dos homens
OBJETIVOS
CONHECER o significado da metáfora que Jesus empregou aos seus discípulos, chamando-os de sal da terra e luz do mundo;
SABER que os salvos devem fazer notar a fé cristã em todos os segmentos da sociedade;
COMPREENDER a responsabilidade da Igreja de promover o Reino de Deus aqui na Terra.
INTERAÇÃO
Influenciados por uma forte tendência de secularização, muitos cristãos aceitam atualmente a ideia enganosa de que a fé é algo eminentemente privado e que, por isso, deve ser vivida e expressada somente no âmbito pessoal e religioso, sem a possibilidade de influenciar toda a sociedade. Contudo, ao chamar os seus discípulos de sal da terra e luz do mundo, Jesus uma vez mais deixou transparecer o caráter público da fé cristã, identificando-a como uma cosmovisão, uma visão de mundo abrangente. Os escritores Charles Colson e Nancy Pearcey captam a essência da cosmovisão cristã ao afirmarem: “Nosso trabalho não é somente construir a Igreja, mas também construir uma sociedade para a glória de Deus”.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Prezado professor, chegamos ao final do trimestre. Neste domingo, logo na introdução da aula, recapitule com os seus alunos os temas que foram tratados no decorrer da lição. Pergunte a eles o que mais lhes despertou a atenção e ficou marcado na mente de forma especial. Recorde que além do conhecimento bíblico adquirido, o conteúdo deve produzir mudança e atitude prática em nossas vidas. Na sequência, destaque que esta lição final sintetiza tudo o que foi estudado nos domingos anteriores com base em Mateus 5.13, em que Cristo estabelece os princípios orientadores para vivermos nesta terra, com a metáfora do sal e da luz. Na conclusão, ore juntamente com os seus alunos, pedindo ao Senhor fortalecimento espiritual e discernimento bíblico, a fim de cumprir o compromisso de sermos discípulos autênticos e transparentes, para a glória de Deus.
TEXTO BÍBLICO
Mateus 5.13-16.
13 — Vós sois o sal da terra; e, se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta, senão para se lançar fora e ser pisado pelos homens.
14 — Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;
15 — nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas, no velador, e dá luz a todos que estão na casa.
16 — Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus.
INTRODUÇÃO
No Sermão do Monte, logo após falar sobre as bem-aventuranças, o Senhor Jesus utiliza dois símbolos comparativos alusivos aos seus discípulos: sal e luz. Nessa dupla figura alegórica possuidora de rico significado, o Mestre realça as qualidades essenciais do verdadeiro cristão, aquilo que ele é e deve testemunhar para toda a sociedade. Isso diz respeito a caráter e integridade. Qualidades que devem fazer notar a transparência da vida autenticamente cristã. Com efeito, nesta lição de encerramento do trimestre, aprenderemos sobre as características dos dois elementos mencionados pelo Mestre, bem como a sua simbologia para a vida cristã.
I. OS DISCÍPULOS COMO O SAL DA TERRA (Mt 5.13)
1. O valor do sal nos tempos de Jesus. O primeiro símbolo utilizado por Jesus referindo-se aos discípulos é o sal, um importante elemento com características bem peculiares e úteis para o ser humano. Em Israel, o sal era uma iguaria valiosa, usada para temperar os alimentos, fertilizar o solo e, até mesmo, como produto medicinal. No Império Romano, inclusive, os soldados eram retribuídos com sal, de onde advém a palavra salário (do latim salarium), o qual podia ser trocado por alimentos e outros produtos.
2. Propriedades do sal. Para compreendermos a simbologia utilizada pelo Mestre, precisamos conhecer as duas finalidades essenciais do sal:
a) Preservar. Naquela época e, até mesmo, nos dias atuais, o sal era utilizado para conservar alguns alimentos contra a decomposição natural. Em sua alegoria, o Mestre revela que os discípulos são a reserva moral desse mundo decadente, batalhando contra a corrupção, imoralidade e inversão de valores (Is 5.20). Eis o motivo porque os crentes geralmente são chamados de fundamentalistas e conservadores, pois pautam suas condutas na ética do Reino. A Bíblia diz que devemos ser santos, porque o Senhor é santo (1Pe 1.16).
b) Temperar. O sal também serve para salgar e dar sabor aos alimentos. O tempero salino, quando aplicado na medida certa, dá vida à comida. Uma refeição sem sal não tem sabor é “sem graça”. Do mesmo modo, o mundo sem o sabor do evangelho é triste e sem sentido. Os discípulos receberam a incumbência de temperar esse mundo por meio do testemunho e do anúncio das Boas Novas transformadoras de Cristo (Mc 16.15), oferecendo vida abundante (Jo 10.10), graça (Tt 2.11), esperança, propósito, paz (Ef 2.17) e amor verdadeiro (Jo 3.16) àqueles que vivem na terra.
3. A inutilidade do sal. Jesus, porém advertiu acerca da inutilidade da falta de sabor: “e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens” (Mt 5.13). Naquele tempo, ao ser recolhido da região do Mar Morto, o sal que havia perdido a sua propriedade para salgar não era logo jogado fora. Ele era guardado no templo de Jerusalém e quando as chuvas de inverno tornavam os pátios escorregadios, o sal era espalhado para evitar as quedas, sendo pisado pelos homens. Com isso, Jesus alerta para o perigo da perda da essência do sal. Sal que não preserva e não tempera não presta para nada mais; é irrelevante. É como o açúcar que não adoça ou a água que não mata a sede. Não tem qualquer utilidade! Do mesmo modo, o discípulo que não cumpre o seu papel e não observa o seu compromisso com o Mestre é como o servo inútil (Mt 25.30) ou a vara que não dá fruto (Jo 15.2). Como consequência, o sal é lançado fora e pisado pelos homens. Que tragédia! Batalhemos, jovens, para não perdermos o sabor do Evangelho em nossas vidas.
Pense!
Perder o sabor do sal eqüivale a perder a essência da vida cristã.
Ponto Importante
Preservar e temperar são as duas principais finalidades do sal.
II. OS DISCÍPULOS COMO A LUZ DO MUNDO (Mt 5.14)
1. A transparência da luz. O segundo símbolo rico de significado atribuído pelo Senhor aos discípulos foi a luz (Mt 5.14), uma das magníficas obras de Deus na criação (Gn 1.3). A luz ilumina e aquece os ambientes, e no lugar em que as suas ondas chegam, as trevas se dissipam. Ela simboliza a transparência da vida cristã, testemunhada na sociedade pela conduta reta e virtuosa, vista por todas as pessoas. A verdade subjacente dessa analogia é que a postura do súdito do Reino deve ser exemplar, ainda que o contexto social e cultural caminhe na direção contrária. O jovem cristão não pode ser um “agente secreto” de Cristo em sua escola, faculdade ou trabalho, escondendo sua identidade cristã. O apóstolo Paulo expressou essa verdade ao dizer que devemos ser irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis, no meio de uma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandecemos como astros no mundo (Fp 2.15).
2. Cristo, luz para as nações. Ao interpretarmos essa ilustração em harmonia com outras passagens bíblicas, veremos que a luminosidade do cristão não é própria. Ela é originada no Pai celestial (Tg 1.17), e refletida pelo salvo como a luz de Cristo. Jesus disse: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8.12). Logo, o cristão, como luzeiro do mundo, não reflete a si mesmo, nem a sua glória, mas a glória de Cristo, iluminando a sociedade em que vive, para que esta glorifique a Deus. Leiamos a majestosa declaração paulina: “Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos, por amor de Jesus. Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo” (2Co 4.5,6).
3. A luz escondida. Além do sal insípido, Jesus adverte sobre a luz encoberta. Naquela época, a iluminação residencial era realizada tipicamente pela candeia, uma espécie de lâmpada abastecida com óleo. O Mestre diz que a candeia não pode ser colocada debaixo do alqueire (uma vasilha de medida de alqueire, que servia para medir cereais, feita de barro), mas no velador, um móvel específico e alto que servia para colocar as lâmpadas, a fim de que todo o ambiente fosse iluminado. A ênfase de Jesus é sobre o local apropriado para a lâmpada, que deve ser posta em lugar aberto e público. O princípio bíblico daí extraído é que o crente deve revelar a sua luminosidade espiritual publicamente e se fazer notar em todos os segmentos da sociedade, não vivendo enclausurado entre as quatro paredes da igreja. O templo é o local de comunhão e devoção. Mas é na sociedade que devemos testemunhar o amor do Pai e a transformação de nossas vidas, de modo que as pessoas vejam as nossas boas obras e glorifiquem a Deus.
Pense!
“Os verdadeiros discípulos resplandecem como astros no mundo (Fp 2.15), refletindo a glória de Cristo para toda a Terra”.
Ponto Importante
A luz do cristão deve ser notada em todos os segmentos da sociedade.
III. IGREJA, PROMOVENDO O REINO DE DEUS NA TERRA (Mt 11.5; 28.19)
1. A Igreja de Cristo. Seguramente, ao destacar a responsabilidade dos discípulos como sal e luz da terra, o Mestre tinha em mente não o papel individual de cada cristão, mas um chamado coletivo. A expressão “vós” indica unidade e comunhão, que encontra a sua expressão máxima na vocação da Igreja do Senhor. O vocábulo “igreja” provém do grego ekklesia e significa “os chamados para fora”, amoldando-se uma vez mais na dupla alegoria do Nazareno, porquanto o sal tem utilidade somente fora do saleiro e a luz, no ambiente aberto.
2. O fundamento da igreja. A Igreja não é uma mera organização humana. É um projeto de Deus (Ef 1.10; 3.1-13), edificada em Cristo Jesus (Mt 16.13-18). Naquela que ficou conhecida como a declaração de Cesareia, o Senhor afirmou: “Pois também eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18). O alicerce não é Pedro, e, sim, o Senhor Jesus, a Rocha inabalável (Rm 9.33). O próprio discípulo reconheceu essa verdade ao chamá-lo de a pedra angular (1Pe 2.6).
3. Agência do Reino de Deus. Afinal, qual a relação entre a Igreja e o Reino de Deus? A Igreja não é o Reino de Deus em sua plenitude, mas a sua expressão entre os homens. Como Igreja, ela não proclama a si mesma, mas o Reino de Deus. Ela não é um fim, mas o instrumento que apresenta ao mundo o Senhor do Reino e introduz em suas fronteiras os seres humanos arrancados do reino das trevas. Logo, a Igreja é a agência divina que promove o Reino de Deus aqui na Terra, pelo testemunho e prática no dia a dia da presença real do governo divino em todas as dimensões da vida, proclamando que Jesus salva, cura, transforma, batiza com o Espírito Santo e, em breve, voltará nas nuvens para buscar o seu povo. Precisamos clamar ao Senhor para que Ele continue a fortalecer o seu povo nestes últimos dias, diante de tantos desafios e guerra cultural.
Pense!
A Igreja é a expressão do Reino de Deus entre os homens.
Ponto Importante
A Igreja do Senhor é agência de Deus nesta terra, vivenciando e proclamando o Reino dos Céus.
CONCLUSÃO
A declaração de que os discípulos são o sal da terra e a luz do mundo ainda continua a ecoar nas Escrituras. Como Igreja, cabe-nos a missão de vivenciar e anunciar de forma autêntica o Reino de Deus no tempo presente, assim como os apóstolos e a Igreja Primitiva o fizeram nos primeiros séculos da Era Cristã.
Chegamos ao fim de nosso trimestre. Esperamos que o estudo sobre o contexto social, político, cultural e religioso da terra e do tempo de Jesus, nos instigue a colocar em prática os ensinamentos do Mestre no ambiente em que vivemos.
ESTANTE DO PROFESSOR
COLSON, Charles; PEARCEY, Nancy. O Cristão na Cultura de Hoje.
GOWER, Raph. Novo Manual dos Usos e Costumes dos Tempos Bíblicos.
HORA DA REVISÃO
1. Quais as duas principais finalidades do sal?
Preservar e temperar.
2. O discípulo que não cumpre o seu papel e não observa o seu compromisso com o Mestre é como quem?
O servo inútil (Mt 25.30) e a vara que não dá fruto (Jo 15.1).
3. Qual o significado da figura do discípulo como a luz do mundo?
Simboliza a transparência da vida cristã, testemunhada na sociedade pela conduta reta e virtuosa, vista por todas as pessoas.
4. A luminosidade do cristão é própria? Por quê?
Não, pois ela é refletida pelo salvo como a luz de Cristo (Jo 8.12).
5. Por que a Igreja é uma agência divina?
Porque ela foi criada com propósitos bem específicos para cumprir a missão de Deus aqui na terra.
SUBSÍDIO
“Se quisermos restaurar o nosso mundo, em primeiro lugar devemos nos libertar da noção confortável de que o cristianismo é uma mera experiência pessoal, que se aplica somente à vida privada de alguém. ‘Nenhum homem é uma ilha’, escreveu o poeta cristão John Donne. Mas um dos grandes mitos de nossos dias é o de que nós somos ilhas — que as nossas decisões são pessoais e que ninguém tem o direito de nos dizer o que fazer nas nossas vidas particulares. Nós nos esquecemos facilmente de que cada decisão particular contribui para o ambiente moral e cultural em que vivemos [...]. Os cristãos são salvos não apenas de alguma coisa (o pecado), mas também para alguma coisa (a soberania de Cristo sobre toda a vida). A vida cristã começa com a restauração espiritual, que Deus opera pela pregação da sua Palavra, da oração, da adoração e do exercício dos dons espirituais em uma igreja local. Este é apenas o começo indispensável, pois somente a pessoa redimida pode ser cheia do Espírito de Deus e pode verdadeiramente conhecer e realizar o plano de Deus. Mas então devemos proceder à restauração de toda a criação de Deus, o que inclui as virtudes privadas e públicas; a vida pessoal e familiar; a educação e a comunidade; o trabalho, a política e a lei; a ciência e a medicina; a literatura, a arte e a música. Este objetivo redentor permeia tudo o que fizermos, porque não existe uma linha divisória invisível entre o que é sagrado e o que é secular. Devemos trazer ‘todas as coisas’ sob a soberania de Cristo” (COLSON, C.; PEARCEY, N. O Cristão Na Cultura de Hoje. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2006, pp.36,37,39,40).Comentarista: Valmir Milomem
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