O doleiro Alberto Youssef, personagem central e réu confesso da Operação Lava Jato, disse nesta quarta-feira (24) em audiência na Justiça Federal em Curitiba (PR) que realizou pagamentos em espécie para o deputado federal do PT José Mentor, em São Paulo, a mando do ex-deputado André Vargas, do Paraná, ex-vice-presidente da Câmara. O doleiro, que firmou acordo de delação premiada para colaborar com as investigações, disse não se recordar de quanto foi pago a Mentor – ele é investigado no âmbito do Supremo Tribunal Federal, por ter foro privilegiado. Na petição em que pediu abertura de inquérito, contudo, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, citou que o deputado teria recebido 380.000 reais em mãos. À época, Mentor se disse “estarrecido, já que não tenho qualquer ligação e repudio com veemência quaisquer tentativas de me ligarem com o objeto dessas investigações”.
De acordo com Youssef, os valores foram repassados a José Mentor depois de uma operação que envolveu a IT7 Sistemas, empresa que teve contratos de 50 milhões de reais com a Caixa Econômica Federal e da qual Leon Vargas, irmão de André Vargas, foi sócio. Em 27 de dezembro de 2013, a contadora de Youssef, Meire Pozza, usou duas empresas para emitir notas frias de 2,4 milhões de reais a fim de cobrir pagamentos feitos à IT7, conforme revelado à Polícia Federal. Parte desses recursos foi parar nas mãos de Vargas – outra parcela, nas de Mentor, afirmou o doleiro nesta quarta-feira.
“O Leon me pediu que eu fizesse um recebimento [de dinheiro] de uma empresa para ele, em que eu pudesse emitir notas fiscais e fazer em reais para ele, em dezembro de 2013, se não me engano”, disse Youssef. “Depois de a operação ter sido realizada e de os reais estarem comigo, eu conversei com o Leon e disse que o dinheiro estava disponível para ele, descontando os impostos, e ele me disse que iria destinar o dinheiro ao irmão André Vargas, que iria me dizer depois o que fazer com os recursos.”
Questionado pelo juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal, Youssef disse que entregou parte dos valores, em espécie, em São Paulo, e parte em Brasília, nas mãos de André Vargas, quando ele ainda era deputado federal: “Entreguei diretamente à pessoa dele [André Vargas]. Em São Paulo, eu entreguei na Praça da Árvore, no escritório do deputado José Mentor. O senhor André Vargas me pediu que eu entregasse esse valor, não estou lembrado quanto, no escritório do José Mentor.”
Youssef prestou depoimento na ação criminal sobre o esquema de pagamento de propina em contratos de publicidade da agência Borghi/Lowe com a Caixa Econômica Federal e o Ministério da Saúde. Foram denunciados o ex-deputado petista André Vargas e seus irmãos Leon e Milton Vargas, além do publicitário Ricardo Hoffmann. Os três respondem por organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa e passiva. Youssef negou ter relações com o esquema de publicidade e disse desconhecer as empresas Limiar e LSI, que segundo a Polícia Federal eram de fachada e serviam apenas para que Vargas e seus irmãos recebessem dinheiro por “comissões” em contratos de propaganda.Fonte: Veja
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