O responsável brasileiro, que no sábado viaja ao México para participar na próxima semana da conferência regional da organização, destacou em entrevista à Agência Efe que a América Latina "vai muito mal em nutrição".
"Vimos crescer a obesidade sobretudo no Caribe, mas também no México e em países da América do Sul, sobretudo entre crianças e mulheres", afirmou.
Segundo sua opinião, os países não dedicam uma atenção especial à nutrição e nem limitam a quantidade de sal, açúcar e gorduras nos alimentos comercializados, além de não ter uma política orientada para a educação alimentar das crianças na escola.
Não é suficiente para a região ter cumprido com as metas de reduzir pelo menos pela metade o número de pessoas que passam fome (até 34,3 milhões) e sua proporção (5,5% da população), segundo as últimas estimativas da FAO.
Sobre os que ainda sofrem com a insegurança alimentícia, Silva considerou que a fome na região "está associada à pobreza extrema", vinculada por sua vez à má distribuição da riqueza.
Existe "uma concentração brutal dos meios de produção, sobretudo no acesso à terra e à água".
Da mesma forma que no resto do mundo, a fome na América Latina atinge mais a população rural e está relacionada com "a possibilidade dessa população ter um nível mínimo de renda", disse Silva, que mostrou sua preocupação pelo crescente número de jovens que entram no mercado de trabalho e correm o risco de trabalhar sem direitos.
Essa realidade convive na América Latina com o crescimento econômico dos últimos anos, impulsionado pelas exportações de minerais do Chile e Peru e as de produtos básicos agrícolas de países como Argentina e Brasil.
Segundo o diretor-geral, um exemplo desse contraste é visto no Paraguai, "que alcançou um avanço impressionante, mas não melhorou o acesso à terra e à irrigação, embora tenha grande disponibilidade de água".
Os representandes governamentais no México falarão do desenvolvimento rural e inclusão social, assim como da possível extensão da cobertura da FAO em países como os do Caribe, entre os mais afetados pela mudança climática e pelo fenômeno El Niño.
Outro motivo de alerta é o impacto do zika e, embora a liderança na ONU corresponda à Organização Mundial da Saúde por ser um assunto de saúde humana, o responsável da FAO reiterou que até o momento a única solução passa pela prevenção.
Evitar a procriação do mosquito transmissor do vírus e as águas estagnadas nas zonas rurais são algumas das recomendações das Nações Unidas, que também destacam o uso de certos larvicidas como precaução para não danar o meio ambiente.
"Este não é um problema dos governos, é da sociedade, e é preciso envolver todos nesse combate", sustentou.
Silva, que renovou seu mandato no ano passado à frente da FAO, se mostrou firme em seu trabalho de sensibilizar sobre esta e outras questões relacionadas com a agricultura e a alimentação.
Assim como esta organização de 70 anos de história promove as compras locais de pequenos produtores para abastecer escolas, também incentiva programas de agricultura familiar e agora pretende que 25 países assinem um acordo para conter a pesca ilegal e que o mesmo possa entrar em vigor em breve (por enquanto fazem parte 21 Estados).
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Fonte: EFE.
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