Um desejo forte, constante e insaciável.
Existe o desejo legítimo e a cobiça. O primeiro refere-se ao suprimento das necessidades e, em alguns casos, um pouco mais, atingindo o nível do conforto. O segundo vai muito além, alcança o excesso e avança rumo ao proibido.
Mas onde está a exata fronteira entre uma e outra coisa? Precisamos de sabedoria para encontrar a resposta. É difícil dizer onde o desejo correto se transforma em cobiça, assim como não podemos determinar com certeza a exata quantidade de comida que alguém precisa consumir.
Apesar da dificuldade, podemos citar alguns parâmetros de verificação.
Primeiro: Cada indivíduo é capaz de reconhecer que a sua necessidade foi suprida e seu apetite saciado. Depois disso, o desejo torna-se cobiça.
“Se achaste mel, come somente o que te basta, para que porventura não te fartes dele, e venhas a vomitar” (Pv.25.16).
Segundo: A tolerância que o indivíduo tem consigo mesmo pode mascarar a cobiça. Portanto, é preciso observar o ensinamento bíblico em relação ao que desejamos.
Deus estabeleceu limites: Adão poderia comer do fruto de todas as árvores, exceto uma (Gn.2.16-17). Quando desejamos o que Deus proibiu, está caracterizada a cobiça.
O décimo mandamento assevera: “Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo”(Êx.20.17). Portanto, o direito do outro é um dos nossos limites.
Se este mandamento não fosse obedecido, a consequência poderia ser a transgressão de outros, tais como “Não adulterarás”, “Não furtarás” e “Não matarás”.
Portanto, a proibição da cobiça atinge um mal interior que é a raiz de muitos males exteriores.
A história de Acabe ilustra bem o conceito. Aquele rei possuía riqueza e todo tipo de bens materiais, mas dirigiu seus olhos e sua cobiça à vinha de Nabote, seu vizinho. Seu desejo incontido desencadeou uma série de pecados: abuso de autoridade, acusação, falso testemunho, homicídio e roubo (IRs.21).
A COBIÇA É INSACIÁVEL
“A sanguessuga tem duas filhas, a saber: Dá, Dá. Há três coisas que nunca se fartam; sim, quatro que nunca dizem basta: o Seol, a madre estéril, a terra que não se farta d’água, e o fogo que nunca diz basta” (Pv.30.15-16).
“Todo o trabalho do homem é para a sua boca, contudo nada satisfaz a sua cobiça” (Ec.6.7).
A gula é confundida com fome e apetite. Confunde-se luxúria com amor. A cobiça se parece com uma natural necessidade de crescimento e conquista, mas sua principal característica é ser insaciável. Nada é capaz de satisfazê-la. Por isto, o homem se lança aos excessos. Tal comportamento pode parecer fruto de uma forte motivação para o trabalho. Então, o indivíduo deixa de ter tempo para a família e para Deus, pois precisa atender às suas ambições materiais que lhe parecem legítimas, sobretudo no contexto capitalista atual, onde a essência do marketing consiste em criar necessidades e estimular desejos sem fim. O consumismo é a religião dos tempos modernos.
Tudo isto pode levar a muitas conquistas e um sintoma visível desse tipo de situação é o caso do indivíduo que adquiriu muito mais do que é capaz de usufruir. Ter muitos terrenos, casas e carros pode ser um exemplo (a não ser para quem trabalha com veículos ou imóveis, ou tenha um propósito justo para suas posses). Possuir latifúndios improdutivos é pecado. Alguns ambiciosos tornam-se megalomaníacos e o seu prazer está em superar o seu semelhante.
“Ai dos que ajuntam casa a casa, dos que acrescentam campo a campo, até que não haja mais lugar, de modo que habitem sós no meio da terra! A meus ouvidos disse o Senhor dos exércitos: Em verdade que muitas casas ficarão desertas, e até casas grandes e lindas sem moradores” (Is.5.8-9).
A história nos mostra que grandes conquistadores tiveram amargo fim. Alexandre Magno conquistou tudo, mas morreu cedo, aos 33 anos, vítima da malária. Não teve o prazer de ser pai, perdeu todos os bens adquiridos, deixando o Império Grego para os seus generais. “Que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” (Mc.8.36).
A cobiça pode levar à riqueza. Depois que o homem enriquece, ele se vê no direito de cobiçar muito mais e este pecado encontra mais espaço e recursos para crescer e multiplicar. Contudo, o pobre não está livre da cobiça. É verdade que, nas questões materiais, ele pode padecer necessidades e o seu desejo é, muitas vezes, legítimo e natural, mas a cobiça pode funcionar com pouco ou nenhum dinheiro afetando, por exemplo, a vida sexual.
OS EFEITOS
O desejo é o acelerador do ser humano, mas tão importante quanto sair do lugar é ter a capacidade de parar. No trânsito ou nos movimentos da vida, o excesso pode matar.
Enquanto a preguiça impede o trabalho, a cobiça pode levar o homem a trabalhar demais. Por isso, Deus disse a Israel: “Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra; mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus. Nesse dia não farás trabalho algum” (Ex.20.8-10).
A cobiça poderia levar o judeu a trabalhar sete dias por semana e deixar de lado sua vida devocional e familiar. Isto pode acontecer também com o gentio. Embora não sejamos sabatistas, consideramos que ainda seja da vontade de Deus o estabelecimento de limites para o trabalho.
Trabalhar 7 dias por semana não garante o êxito do homem. Apesar de todo o nosso esforço, continuamos dependendo de Deus.
“Melhor é um bocado com tranquilidade do que ambas as mãos cheias com trabalho e vão desejo” (Ec.4.6).
“Há um homem que é só, não tendo parente; não tem filho nem irmão e, contudo, de todo o seu trabalho não há fim, nem os seus olhos se fartam de riquezas” (Ec.4.8).
Nem mesmo a riqueza alcançada serve como limite para a cobiça. São muitos os exemplos de homens ricos que realizaram golpes para conseguirem mais dinheiro e poder. Configura-se então uma situação de avareza, avidez, ânsia por maiores lucros.
“Quem ama o dinheiro não se fartará de dinheiro; nem o que ama a riqueza se fartará do ganho; também isso é vaidade.” (Ec.5.10).
Muitas vezes, o homem ambicioso aproveita menos os seus bens do que o pobre que pouco possui.
Entretanto, nem todos alcançam o que cobiçam. Nesse caso, vivem na ansiedade de não possuírem, quando deveriam viver no contentamento ensinado pela palavra de Deus.
“Tendo, porém, alimento e vestuário, estejamos com isso contentes” (ITm.6.8).
A cobiça pode levar o homem a pisar no seu próximo para subir na vida, chegando a roubar e matar. O desejo desenfreado fomenta conquistas, mas produz também conflitos e guerras.
“De onde vêm as guerras e contendas entre vós? Porventura não vêm disto, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam? Cobiçais e nada tendes; logo matais. Invejais, e não podeis alcançar; logo combateis e fazeis guerras. Nada tendes, porque não pedis. Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites” (Tg.4.1-3).
A cobiça é contrária ao amor, pois busca atender ao egoísmo, nada deixando para o auxílio ao próximo. (Rm.13.9). Se o amor é a essência do fruto do Espírito (Gal.5.22), o egoísmo é a essência das obras da carne (Gal.5.19-21). Por quê a cobiça não aparece como uma das obras da carne relacionadas pelo apóstolo Paulo? Porque ela é a raiz de todas elas (Gal.5.16).
O mundo é movido pela ambição e não pelo amor. Por isso, assistimos invasões internacionais por interesses econômicos, mas não para salvar os inocentes nem para saciar os famintos.
Enquanto a cobiça favorece as conquistas materiais, perdem-se os valores morais e espirituais. Por este motivo, a semente que caiu entre os espinhos não produziu (Mc.4.19).
Este é um pecado que se destaca por sua capacidade de gerar outros pecados, tais como a glutonaria (Lc.21.34), bebedice (Rm.13.13), avareza (Col.3.5), idolatria (Dt.7.25), roubo (Mq.2.2) e adultério (Pv.6.25).
Outros efeitos são: perturbação (Pv.15.27), sofrimento (Pv.28.22), contenda (Pv.28.25), violência (Mq.2.2), apostasia (ITm.6.10), dores (ITm.6.10) e morte prematura (Pv.1.19).
“Cada um, porém, é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência; então a concupiscência, havendo concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte” (Tg.1.14-15).
Cobiça e preguiça são, em princípio, contrárias entre si. Quem tem muita cobiça precisa trabalhar. Se cobiça e preguiça se encontram na mesma pessoa, há um ladrão em potencial (mas não para realizar grandes roubos, pois dão muito trabalho).
A “COBIÇA SANTA”
O texto de Tiago 4.1-3 diz que aqueles crentes não alcançavam o que cobiçavam. Então, pediam que Deus atendesse à cobiça de seus corações. Portanto, pode haver uma “espiritualização” da cobiça, que acaba fornecendo muito assunto para as orações.
Além dessa tendência individual, ainda existem pregadores que estimulam a cobiça das pessoas através de suas mensagens, como se todos devessem correr atrás de sonhos materiais indefinidamente e buscando ajuda de Deus para sua realização. A bíblia tem sido usada como estimulante da cobiça muito mais do que como incentivo ao crescimento espiritual. Será que Deus quer que todos os cristãos sejam ricos, grandes empresários, donos de carros de luxo e jatinhos particulares? Nada disso é prioridade para Deus. Se ele quiser nos dar, tudo bem, mas o mais importante é que nos apliquemos a buscar o seu reino e não estas coisas.
Jesus pregou a renúncia das coisas terrenas e a busca dos valores celestiais, mas hoje muitas pregações sobre prosperidade favorecem apenas o crescimento da ambição e do materialismo. Estamos assistindo a influência da cobiça na elaboração da doutrina, conforme previu o apóstolo Paulo (2Tm.4.3).
MANÁ OU CARNE?
Deus deu maná para o povo de Israel no deserto, mas eles queriam carne, peixe, cebola, pepino, alho e melões. Foram dominados pela cobiça de tal forma que começaram a murmurar e chorar (Nm.11.1-13). Deus ficou indignado com eles.
Estavam caminhando para Canaã, terra que mana leite e mel, onde comeriam de tudo, mas não estavam dispostos a esperar. Outra característica da cobiça é desejar antes do tempo, seja comida, sexo, dinheiro, poder, etc.
Eles clamaram ao Senhor para satisfazerem à sua cobiça. Embora lhes tenha atendido, enviando codornizes, Deus se irou contra aquele povo e matou muitos entre eles no lugar que ficou conhecido como Quibrote-Taavá, que significa “sepulcro da concupiscência” (Nm.11.31-35).
A este respeito, o apóstolo Paulo escreveu: “Não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram” (ICo.10.6).
Mas vamos refletir: carne, peixe, cebola, pepino, alho e melões são coisas más? Tudo o que desejamos fora do propósito de Deus ou fora do tempo é mal e nos fará mal, se obtivermos.
Os israelitas no deserto tinham o maná diariamente, mas queriam outras coisas. A cobiça nos faz desvalorizar o que temos e desejar ardentemente o que não possuímos.
A essência de tudo isso é a falta de domínio próprio. Precisamos estabelecer limites para a satisfação de desejos em nossas vidas. Aquele que se entrega à cobiça nunca ficará satisfeito com coisa alguma. Assim, viverá trocando de esposa ou marido, buscando mais dinheiro e vivendo na ansiedade. É como correr atrás do vento (Ec.6.9), sem possibilidade de alcançá-lo ou retê-lo.
Busquemos a satisfação das nossas necessidades, mas não nos entreguemos a conquistas sem limites. Lembremo-nos de que todos os bens materiais serão perdidos um dia, pois nada levaremos conosco.
“Porque nada trouxemos para este mundo, e nada podemos daqui levar; tendo, porém, alimento e vestuário, estejamos com isso contentes. Mas os que querem tornar-se ricos caem em tentação e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, as quais submergem os homens na ruína e na perdição. Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão” (ITm.6.7-11).
Devemos possuir apenas aquilo que pudermos usufruir. Se tivermos um pouco mais, devemos ser gratos a Deus e benevolentes com os necessitados (ITm.6.17-18).
O desejo é a fonte do bem e do mal. A diferença está na natureza do objeto, na licitude e no controle.
Outros exemplos bíblicos da cobiça e seus efeitos: Adão e Eva (Gn.3); Coré, Datã e Abirão (Nm.16); Acã (Js.7.21); Balaão (Nm.24; 2Pd.2.15); os filhos de Eli (ISm.2.12-17). Davi (2Sm.11). Amnom (2Sm.13); Judas Iscariotes (Mt.26.15). Outras referências sobre o tema: Pv.1.19; 15.27; 6.25; 21.26; Ec.6.7; 6.9.
O LIMITE DO CRESCIMENTO
Muitas pessoas ainda podem e devem crescer muito, seja no aspecto profissional, ministerial ou financeiro. Podem estar acomodadas quando deveriam estar progredindo. É o caso do preguiçoso e do negligente. Há porém aquelas que têm o que precisam e muito mais, mas são ambiciosas e insaciáveis. É a respeito destas que estamos falando.
Apreciamos o crescimento de uma planta até certo ponto. Quando passa disso, torna-se um problema. O mesmo pode ser dito quanto ao crescimento físico do ser humano. É tão importante crescer quanto parar de crescer. Alguns indivíduos, portadores de uma doença chamada gigantismo, crescem tanto que os ambientes e objetos cotidianos lhes tornam inadequados.
A cobiça também pode levar as pessoas a um crescimento desordenado e incontrolável. Crescer é bom, mas nem sempre.
Satanás pecou porque queria crescer, desejava ser como Deus (Is.14.14). Depois, sugeriu o mesmo para o homem no jardim do Éden (Gn.3).
Em Gênesis 11 temos o relato sobre a torre de Babel, cujo projeto incluía um crescimento até alcançar o céu. A obra foi embargada por Deus.
Quando Israel viajava pelo deserto, aconteceu uma revolta liderada por Coré, Datã e Abirão. Coré era levita, mas queria ser sacerdote. Se estivéssemos lá, talvez concordaríamos com ele. Afinal, o homem queria crescer no ministério, progredir, ser promovido na hierarquia religiosa. Entretanto, isto não era permitido pela lei de Deus. Sua ambição era ilegal. Os sacerdotes deveriam ser da família de Aarão e este não era o caso de Coré. Por ter insistido com determinação em sua proposta, Coré foi morto pelo próprio Deus, quando a terra abriu e o engoliu (Nm.16).
Certa vez, Jesus disse:
“Acautelai-vos e guardai-vos de toda espécie de cobiça; porque a vida do homem não consiste na abundância das coisas que possui. Propôs-lhes então uma parábola, dizendo: O campo de um homem rico produzira com abundância; e ele arrazoava consigo, dizendo: Que farei? Pois não tenho onde recolher os meus frutos. Disse então: Farei isto: derribarei os meus celeiros e edificarei outros maiores, e ali recolherei todos os meus cereais e os meus bens; e direi à minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe, regala-te. Mas Deus lhe disse: Insensato, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?” (Lc.12.15-20).
O plano daquele homem era construir celeiros maiores, ou seja, o crescimento do seu negócio. Talvez o considerássemos um homem de visão, grande empreendedor, mas Jesus o reprovou porque a essência dos seus projetos era o egoísmo.
Se for para ajudar aos outros, continue crescendo e Deus lhe abençoará. Cuidado com o crescimento egoísta.
Cidades e países continuam existindo durante milênios, mas os grandes impérios não permanecem.
Cuidado com o crescimento que prejudica o próximo. Algumas situações da vida envolvem concorrência e alguém sairá perdendo. Isso é normal e aceitável, desde que não haja deslealdade no processo.
Não estamos combatendo o crescimento das pessoas, mas a cobiça, a ambição desenfreada.
Davi cresceu muito em sua vida. Ele era pastor de ovelhas e tornou-se rei de Israel, mas isto não aconteceu por cobiça, senão por um plano de Deus.
Se Deus quiser que alguém seja rico, será. Se o indivíduo quiser ser rico, isto pode não ser problema, mas se ele fizer da riqueza o objetivo da sua vida, tal propósito poderá destruí-lo conforme advertência de Paulo a Timóteo (ITm.6.7-11).
A cobiça pode desviar o homem do propósito de Deus. Satanás tentou fazer isto com Cristo, procurando desviá-lo da cruz e do seu propósito salvífico. Entretanto, a tentação não encontrou a cobiça no coração do Mestre.
O ANTÍDOTO
Se o desejo é o acelerador do ser humano, precisamos de alguns freios. No caso do povo de Israel, Deus lhes impôs alguns limites para contenção da cobiça e com vistas ao domínio sobre o desejo legítimo.
- A lei proibia os israelitas de comerem a carne de alguns animais, mesmo se fosse por apetite natural (Dt.14).
- Eram proibidos de cobrarem juros nos empréstimos aos irmãos (Ex.22.25).
- Quando fizessem as colheitas, deveriam deixar o resto, os chamados rabiscos, para os pobres e estrangeiros (Lv.19.9-10).
- Deveriam libertar os escravos no sétimo ano, a contar do início do trabalho, e no ano do jubileu, independente do tamanho da dívida que tivesse levado o indivíduo à escravidão (Dt.15; Lv.25.39-40).
- Deveriam deixar a terra descansar no sétimo ano (Lv.25.1-7).
- Não podiam trabalhar no sábado (Ex.20).
- Deveriam entregar os dízimos e ofertas, as primícias da produção agrícola (Lv.17.30-32; Dt.12.6; Ex.23.19).
Portanto, todo judeu precisava renunciar a diversas coisas. O sacerdote ainda mais (Lv.21). O nazireu mais do que todos (Nm.6).
DISCIPLINAS
Dizer alguns “nãos” às crianças é uma forma de ensiná-las o controle sobre o desejo. Quando estiver com seu filho numa loja, é melhor comprar um brinquedo do que dois como ele pede, ainda que tenha dinheiro para comprar dez.
A vida cristã também inclui algumas disciplinas espirituais com dupla função: controlar a cobiça e desenvolver a espiritualidade. São elas: o jejum temporário ou a abstinência definitiva de algumas coisas, a oferta, a doação, o perdão, dedicação de tempo ao Senhor. Em quase todos os casos, trata-se da renúncia a alguns direitos legítimos. Exemplo claro é o perdão de qualquer dívida. Quando perdoamos, abrimos mão de um direito e isso é também excelente exercício de domínio próprio.
Outro princípio importante em nossas vidas é respeitar o tempo apropriado para cada coisa, ou seja, saber esperar. Não colha o fruto verde. Controle-se. Espere o dia do pagamento para comprar o que deseja. A atual facilidade do crédito rompe a barreira temporal e o limite de valor. Resultado: dívidas impagáveis.
Você consegue percorrer o shopping e sair sem comprar coisa alguma? É um exercício interessante.
O controle da cobiça começa pela conscientização. É preciso saber identificá-la em nós. Depois, vem a vontade do indivíduo. Precisamos querer controlar a cobiça. Isto é negar a si mesmo, dizer não para si mesmo (Mt.16.24). Entretanto, precisamos da indispensável ajuda do Espírito Santo, pois só ele pode produzir em nós o domínio próprio (Gal.5.22).
“Andai em Espírito e jamais satisfareis a concupiscência da carne” (Gl.5.16). A cobiça é característica da natureza carnal.
Precisamos encontrar nossa satisfação e felicidade em Deus. Eis um indicador de que o cristão alcançou maturidade espiritual e, sobretudo, intimidade com o Pai.
Paulo chegou a esse ponto. Por isso, demonstrou total desapego das coisas deste mundo, até mesmo das que são legítimas e permitidas (ICo.7.8; Fp.1.21).
O Salmo 131 demonstra o estado de confiança, satisfação e descanso que uma alma pode encontrar em Deus. Assim, a cobiça não mais encontrará guarida.
“Senhor, o meu coração não é soberbo, nem os meus olhos são altivos; não me ocupo de assuntos grandes e maravilhosos demais para mim. Pelo contrário, tenho feito acalmar e sossegar a minha alma; qual criança desmamada sobre o seio de sua mãe, qual criança desmamada está a minha alma para comigo. Espera, ó Israel, no Senhor, desde agora e para sempre” (Salmo 131).:: Pr.Anísio Renato de Andrade
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