Maior chacina registrada no Ceará deixa ao menos 14 mortos
“Eles não tinham alvo e saíram pelas ruas atirando em toda e qualquer pessoa”. O relato é de um morador do bairro de Cajazeiras sobre a morte de 14 pessoas na madrugada de sábado (27) na periferia de Fortaleza, na maior chacina da história do Ceará.
Assim como a descrição de outros cinco moradores (que pedem anonimato por medo de represálias) ouvidos pela reportagem neste domingo (28), ele reforça a indicação de que a maior parte dos baleados na região onde ocorria uma festa de forró não tinha nenhuma relação com a provável motivação da chacina.
A polícia suspeita que a matança tenha sido comandada por traficantes da facção criminosa GDE (Guardiões do Estado), que teriam como alvo membros do CV (Comando Vermelho) em meio à disputa pela venda de drogas.
Dos 14 mortos, 8 eram mulheres e 6, homens. Três eram menores de idade. Houve ainda pelo menos 16 feridos.
A polícia diz que identificou cinco suspeitos de participarem do crime. No sábado, um homem foi preso. Com ele foi apreendido um fuzil.
O crime
No dia da chacina, moradores dizem que um bando de cerca de 15 pessoas, todas encapuzadas, chegou em três carros.
Inicialmente dispararam de dentro dos veículos e do teto solar. Depois saíram e continuaram atirando. O grupo circulou pelo bairro dando mais tiros e escolhendo vítimas a esmo, segundo moradores. O massacre teria durado 40 minutos.
Segundo uma testemunha, um grupo de meninas tentou buscar abrigo atrás de uma churrasqueira na rua, mas bandidos as perseguiram e disparam. Houve também quem se fingisse de morto.
Um vizinho do forró relatou que as pessoas tentavam pular pelo muro da sua casa para escapar dos tiros, outros fugiram pelo telhado.
A partir da lista de mortos, moradores da região diziam haver pelo menos dez pessoas que não tinham qualquer relação com tráfico de drogas.
Os bandidos encontraram pouca resistência durante a chacina. Só um homem, conhecido por ter envolvimento com a criminalidade no bairro, teria disparado em revide – mas também foi morto.
A população no local dizia suspeitar de que haveria mais vítimas do que as já divulgadas pelo governo do Estado.
O “Forró do Gago”, foco principal do massacre, era local de festa sem histórico de crimes. Mas, segundo moradores, a ameaça de uma tragédia em razão da briga entre criminosos já vinha sendo comentada havia algumas semanas por redes sociais. O governo afirma que a polícia não detectou a ameaça.
Crueldade
O sociólogo César Barreira, professor da Universidade Federal do Ceará e coordenador de laboratório que estuda violência, diz que a facção Guardiões do Estado, que seria responsável pela chacina, tem como marcas a presença de pessoas muito jovens e a prática de crimes cruéis.
Para ele, os ataques decorrem de disputa de “facções por delimitação e consolidação de territórios e poderes que ainda não estão definidos”.
“Esses grupos já existem há três ou quatro anos no Ceará, isso é de conhecimento do próprio Estado, pois identificamos isso no censo que fizemos em 2012. E essas questões vêm se agravando ao longo dos anos, principalmente em 2017″, diz.
Fonte: Notícias ao Mminuto
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