Cabral foi transferido em maio para a Cadeia Pública José Frederico Marques, no bairro de Benfica, que foi totalmente reformada
O juiz Marcelo Bretas acolheu, nesta segunda-feira (23), o pedido de transferência do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) para um presídio federal, feito pelo Ministério Público Federal (MPF).
“Durante o interrogatório do senhor Sérigo Cabral, ele mencionou expressamente que, na prisão, recebe informações inclusive da família desse magistrado, o que denota que prisão no Rio não tem sido suficiente para afastar o réu de situações que possam impactar nesse processo”, afirmou o procurador Sérgio Pinel.
Bretas acatou o pedido, afirmando que este tipo de declaração é “inusual”. “Será que representa alguma ameaça velada? Não sei, mas fato é que é inusual”.
“É no mínimo inusitado que ele venha aqui trazer a juízo, numa audiência gravada, a informação de que recebe ou acompanha a rotina da família do magistrado. Deixa a informação de que apesar de toda a rigidez (do presídio no Rio), que imagino que aja, aparentemente tem acesso privilegiado a informações que talvez não devesse ter”, disse o juiz.
O advogado Rodrigo Rocca, que defende o ex-governador, criticou a decisão. Ele afirmou que não houve nenhuma ameaça por parte de Cabral.
“Se meus familiares mexem com pastel ou outro ramo não tem importância alguma para criar embaraço à Vossa Excelência ou a quem quer que seja, além de inusitado (o fato de aceitar a denúncia) violaria preceitos constitucionais”, disse.
O advogado afirmou ainda que a decisão é arbitrária. “Os presos entram e saem de lá e dizem coisas que nem sempre condizem com a verdade. Presumo que é verdadeira. Não diria que foi infeliz, diria que foi desnecessário”
O interrogatório de Sérgio Cabral (PMDB), conduzido pelo juiz Marcelo Bretas, começou com discussão entre os dois nesta segunda-feira (23). O ex-governador disse que o Ministério Público Federal faz um teatro, que está sendo injustiçado e chegou a dizer que Bretas se referia a ele de maneira “desdenhosa”. O magistrado rebateu.
Cabral resumiu a denúncia como “um roteiro mal feito de corta e cola”. Ele respondeu às primeiras perguntas sobre a denúncia de compra de joias com dinheiro de propina citando que o magistrado deve conhecer o assunto já que sua família tem negócios no ramo de bijuterias.
“Não me senti confortável com acusado dizendo que minha família trabalha com bijuteria. Pode ser entendido de alguma forma como ameaça. Não recebo isso com bons olhos. Se a ideia é criar algum tipo de suspeição, quero lembrar que a lei veda que acusado crie suspeição, isso é muito óbvio”, rebateu Bretas.
Fonte: G1
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