Nesta declaração, à qual teve acesso a emissora pública do Reino Unido, representantes do credo o declaram independente do xiismo e se distanciaram da atuação durante a guerra civil do governo sírio, que durante décadas aparentemente se sustentou em seu apoio.
No que consideram "um importante momento" em sua história, os alauítas querem, com este documento de oito páginas, "revelar" alguns pontos de uma religião que teve que se desenvolver em segredo, de acordo com a informação recolhida pela "BBC".
Intitulado "Declaração de reforma de identidade", no texto os membros defendem que representam um terceiro modelo "do e dentro do islã" e rejeitam ser uma ramo de xiismo, como são descritos, ao mesmo tempo que expressam seu compromisso "na luta contra o sectarismo".
Os líderes disseram que aderem "aos valores de igualdade, liberdade e cidadania" e defendem que no futuro a Síria seja um Estado secular, que garanta a igualdade de todas as religiões.
Apesar dos alauítas dominarem durante quatro décadas os serviços secretos e o governo sírio de Assad e seu pai, Hafez Al-Assad, mantêm que a legitimidade do regime atual "só pode ser considerada de acordo com os critérios da democracia e dos direitos humanos".
Após sua aparição no século X no vizinho Iraque, pouco se soube das verdadeiras crenças e rituais dos alauítas, pois, segundo seus líderes, era preciso mantê-las em segredo por medo de serem perseguidos, explica a "BBC".
No documento publicado hoje, os representantes da comunidade alauíta insistem que sua fé "se fundamenta unicamente na ideia de adorar a Deus", e acrescentam que seu "único livro sagrado é o Corão", "uma clara referência" a sua qualidade muçulmana.
Embora reconheçam que compartilham fontes religiosas com o islã xiita, rejeitam as tentativas de clérigos xiitas, mediante ditames para "se apropriar dos alauítas e de considerar o alauismo uma parte integral do xiismo ou uma ramo do mesmo".
Segundo a "BBC", os líderes alauítas também disseram na declaração que a fé incorporou elementos de outras religiões monoteístas em suas tradições, como o judaísmo e o cristianismo, apesar de sublinharem que estas "não deveriam ser vistas como desvios do islã, mas como elementos que testemunham nossa riqueza e universalidade".
Em declarações sob anonimato à emissora britânica, dois dos autores do documento disseram que quiseram reafirmar sua identidade porque a comunidade está sendo assassinada por sua fé.
De acordo com a emissora, as fontes sublinharam que todas as seitas islâmicas na Síria são "irmãos e irmãs" e insistem que os alauítas "não deveriam ser associados com os crimes que o regime cometeu".
Segundo a "BBC", os autores consideram que o futuro da Síria está em mãos da comunidade internacional e esperam que o texto sirva para "libertar" a comunidade alauíta, que representava em torno de 12% de uma população síria de 24 milhões antes da guerra iniciada em 2011, do vínculo com o regime.
As fontes com as quais tratou a emissora britânica disseram que os alauítas existiram antes "e existirão depois" do regime de Bashar al-Assad.
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Fonte: EFE.
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