Atônita, a presidente Dilma Rousseff convocou nesta terça-feira (15) uma reunião de emergência com o núcleo político do governo federal para avaliar o impacto da delação do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), homologada no STF (Supremo Tribunal Federal). O parlamentar diz que Aloizio Mercadante (Educação) ofereceu a seu assessor, Eduardo Marzagão, ajuda financeira para evitar a delação premiada.
O Palácio do Planalto avalia que, com o impacto da gravação, deve ficar suspensa pelo menos por enquanto a possibilidade da entrada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Esplanada dos Ministérios.
A preocupação é também que a delação premiada acelere o desembarque do PMDB do governo federal.
O governo foi pego de surpresa com a transcrição de gravação entre Mercadante e Marzagão. Segundo relatos de assessores e ministros, a presidente ficou sem reação e sem dimensão de como a gravação pode atingir o governo dela. A primeira avaliação é que a situação de Mercadante é "muito delicada" e há o receio até mesmo de que ele seja preso.
Para auxiliares da petistas, a gravação enfraquece discurso defendido pela presidente, desde o início da Operação Lava Jato, de que o governo federal não interfere nas investigações da Polícia Federal.
Eles consideram ainda que será necessário encontrar uma nova narrativa para explicar a gravação, uma vez que é impossível dissociar o ministro da presidente pela relação pessoal dos dois.
A ofensiva de Mercadante foi relatada por Delcídio no quinto termo de depoimento de sua colaboração premiada, homologada nesta terça-feira (15), ao qual a Folha teve acesso.
A informação foi antecipada pela revista "Veja".
"Aloizio Mercadante, em tais oportunidades, disse a Eduardo Marzagão [assessor de Delcídio] para o depoente ter calma e avaliar muito bem a conduta a tomar", diz o depoimento do senador.
"A mensagem de Aloizio Mercadante, a bem da verdade, era no sentido do depoente não procurar o Ministério Público Federal para, assim, ser viabilizado o aprofundamento das investigações da Lava Jato", completou.
Fonte: Folha de São Paulo
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