9 de março de 2016

Noticia: América Latina aproveita epidemia de zika para discutir legalização do aborto, diz ONG

“...e pestes...” Mateus 24:7
A epidemia do vírus zika na América Latina ressalta a importância de rever a legislação sobre aborto e a saúde sexual da região, aponta o relatório da ONG de direitos humanos Anistia Internacional divulgado nesta segunda-feira (07/03). Segundo a entidade, os Estados e sistemas de saúde latino-americanos “priorizam estereótipos e doutrinas religiosas” em detrimento das vidas das mulheres.

“O debate sobre o vírus zika ressalta a mensagem central exibida pela Anistia Internacional neste relatório: a violência contra as mulheres não será erradicada a não ser que os Estados da região mudem a legislação, políticas públicas e práticas discriminatória na área de saúde sexual e reprodutiva”, diz o documento. A ONG afirma que as mulheres da região não possuem o direito de tomar decisões sobre seus próprios corpos e sexualidade.

O vírus zika é apontado como possível causa de microcefalia em bebês cujas mães foram infectadas na gravidez, embora a relação não tenha sido cientificamente confirmada por organismos como a OMS (Organização Mundial da Saúde). Governos de alguns países da América Latina, como El Salvador, chegaram a pedir que as mulheres adiassem a gravidez por conta do vírus.

O relatório, intitulado “O Estado como um catalisador para a violência contra as mulheres”, inclui as histórias de oito mulheres, cada uma de um país latino-americano, que, segundo a ONG, “ilustram como os Estados geram violência contra mulheres e meninas”.

Os países estudados foram Chile, El Salvador, República Dominicana, Peru, México, Paraguai, Argentina e Uruguai. Os três primeiros proíbem o aborto em qualquer circunstância. A Anistia Internacional pontua que a América Latina é a região com a maior porcentagem de casos estimados de abortos ilegais no mundo. Somente três países latino-americanos permitem o aborto — Cuba, Uruguai e Guiana.

“A criminalização do aborto não reduz o número de abortos. Em vez disso, aumenta a mortalidade porque força mulheres e garotas a buscarem abortos clandestinos, colocando a saúde e vida em risco”, diz o relatório.

O documento afirma que o acesso das mulheres aos sistemas de saúde depende da “boa vontade” dos profissionais ou “do quanto elas têm no bolso”. Segundo a ONG, “essa abordagem ultrajante e completamente ilegal” dos sistemas de saúde da região coloca a vida de milhares de mulheres em risco.

No mês passado, o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein,declarou que os países afetados pelo zika devem legalizar o aborto. “O conselho de alguns governos para que as mulheres adiem a gravidez ignora a realidade de que muitas mulheres e meninas simplesmente não podem exercer o controle sobre se e como ou sob que circunstancias elas vão engravidar, especialmente em um contexto em que a violência sexual é tão comum”, declarou Hussein.
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Fonte: Opera Mundi.

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