14 de janeiro de 2016

Notícia: Extremismo muçulmano no Brasil: PF rastreia professor da UFRJ condenado por terrorismo na França

A presença do extremismo islâmico no Brasil, embora ainda pequena, já se faz notória a partir de manifestações públicas de seus simpatizantes. O caso mais chamativo envolve o argelino naturalizado francês Adlène Hicheur, que atua como professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

A descoberta de Hicheur se deu por acaso. Meses atrás, quando uma equipe de reportagem da CNN realizava uma matéria sobre o crescimento do islamismo no Brasil em uma mesquita do Rio de Janeiro, um entusiasta do Estado Islâmico interrompeu as orações e pregou que o grupo terrorista que ocupa partes da Síria e do Iraque deve “continuar a decapitar o inimigo”, pois “o terrorismo é uma obrigação do islã”.

O vídeo se espalhou pela internet e despertou o interesse da Polícia Federal (PF) no homem que fazia apologia ao terror. Nas visitas dos agentes à mesquita, Hicheur terminou descoberto e teve seu passado na França revelado.

Formado em física e lecionando na UFRJ, Hicheur chegou ao Brasil em 2013, recebendo uma bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). No entanto, ele já havia sido condenado em 2009 e cumprido uma pena de cinco anos de prisão na França por se envolver com atividades terroristas ligadas à Al-Qaeda, através da troca de e-mails criptografados com um terrorista conhecido como “Phenix Shadow”.

A escolha pelo Brasil se deu após tentar emprego na Suíça, onde foi recusado por causa de seu histórico criminoso terrorista.

De acordo com uma reportagem da revista Época, entre 2013 e 2014 ele recebeu R$ 56 mil como bolsista do CNPq, o que o credenciou para lecionar na UFRJ com salário de R$ 11 mil mensais.

Atualmente a PF segue os passos de Hicheur e tenta descobrir se ele desempenha alguma atividade ilegal na internet, pois já encontrou indícios de que ele se mantenha ligado ao extremismo islâmico.

Um dos e-mails que serviram de prova para a condenação de Hicheur na França é a principal fonte de desconfiança da PF, pois ele se dizia propenso a deixar a Europa nos anos seguintes, mas antes cumpriria a meta de “trabalhar no seio da casa do inimigo central e esvaziar o sangue de suas forças”, sugerindo diversos alvos para atentados, como empresas petrolíferas e embaixadas.

Ainda de acordo com a reportagem da Época,
a PF apurou que no Rio de Janeiro Hicheur leva uma vida pacata, frequentando a mesquita do incidente flagrado pela CNN meses atrás todas as sextas-feiras.

À revista, recusou-se a comentar as investigações: “Eu decidi não falar nada só para reconstruir minha vida. Não é porque eu não tenha razão. Eu tenho razão. Tenho muita coisa para falar. Mas deixa o tempo falar sobre isso”, defendeu-se. “Não posso falar e gostaria de ser deixado em paz […] Se você escrever ou falar qualquer coisa, você não imagina as consequências para você e para mim”, acrescentou, tentando intimidar os jornalistas Filipe Coutinho, Ana Clara Costa e Hudson Corrêa.

O físico argelino condenado por terrorismo e atualmente professor na UFRJ:

Dilma interessada

Segundo o jornalista Guilherme Amado, colunista de O Globo, a presidente da República quer saber mais sobre o caso e cobrou explicações.

“Dilma telefonou ontem para meia Esplanada em busca de informações sobre Adlène Hicheur, o pesquisador francês que foi condenado por terrorismo e dá aulas na UFRJ, conforme mostrou a revista Época. Queria detalhes sobre o visto, a entrada de Hicheur, a contratação dele pela UFRJ e sobre a bolsa que recebeu do governo brasileiro”, informou Amado.

Confira um infográfico sobre Adlène Hicheur:


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Fonte: 
Época/ O globo

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