6 de janeiro de 2016

Notícia: É proibido ter fé em "superstições feudais". Quem acreditar é castigado

Argumento? As práticas e crenças supersticiosas vão contra as crenças centrais marxistas do partido.
O Partido Comunista Chinês reforçou a proibição da crença em "superstições feudais", como parte de novas regulações disciplinares, avança hoje a imprensa estatal.
O Presidente Xi Jinping tem vindo, nos últimos meses, a apertar o controlo dentro do partido, juntamente com a sua campanha anticorrupção.
Xi Jinping exigiu aos 88 milhões de membros do partido uma maior adesão aos ensinamentos ideológicos e alertou-os contra o questionamento público de políticas oficiais.
As práticas supersticiosas, como a crença em adivinhos e nas práticas tradicionais chinesas de 'feng shui', vão contra as crenças centrais marxistas do partido, que dizem ser fundadas em métodos científicos.
Vários dirigentes de alto nível do partido foram acusados de participar em práticas supersticiosas nos últimos anos.
Zhou Yongkang, o antigo chefe de segurança e o mais alto detentor de cargo público a sucumbir à campanha anticorrupção, pediu conselhos a Cao Yongzheng, um adivinho e mestre da prática de meditação chinesa de 'qigong'.
Mais tarde, Cao Yongzheng testemunhou contra Zhou durante o julgamento.
As novas regras, que entraram em vigor este ano, ameaçam com expulsão do partido membros que "organizem" atividades supersticiosas, enquanto aqueles que apenas participem enfrentam avisos, diz a agência oficial Xinhua.
A linguagem utilizada é mais severa que a da versão anterior, de 2003, quando a "superstição feudal" estava incluída nas atividades que "perturbam a produtividade, o trabalho e a ordem social".
Agora, as novas regras elevam a "superstição feudal" a uma categoria por si própria, tornando-a uma violação distinta à disciplina do partido.

Publicado em DN

O Partido Comunista Chinês está preocupado: seus oficiais estão se tornando religiosos

Ainda que o Partido Comunista Chinês seja oficialmente ateísta, ele sempre manteve 5 religiões sancionadas, as quais o Partido utiliza para reforçar o seu próprio domínio sobre o povo chinês. O secretário geral Xi Jinping reiterou este ponto no dia 21 de maio numa reunião política, dizendo que a religião deve ser usada para guiar os corações e as mentes do povo a favor da doutrina do Partido.
A maior preocupação nos últimos anos tem sido o aumento da religiosidade entre os próprios oficiais comunistas. O partido pode tolerar a existência de religiões, porém os seus próprios oficiais estão proibidos de acreditar nelas. O crime econômico é o principal componente das “violações de disciplina” que tem sido largamente aplicado em oficiais chineses, que consequentemente são despedidos de seus cargos. Entretanto, a crença em “superstições” também é pretexto para incriminação quando o Partido quer mudar seus postos.

Crentes chineses cantam hinos durante a missa de véspera de natal em uma igreja católica de Pequim

A fé das bases
No dia 21 de maio, o governo municipal de Wenzhou, na província de Zhejiang, relatou as recentes descobertas feitas pela equipe de inspeção local do Partido. O relatório mencionava uma nova ronda de esforços com o objetivo de resolver o problema dos oficiais de baixo escalão abraçarem práticas religiosas ou de oficiais que perderam a fé no partido, que esqueceram-se do sentido de “Natureza do Partido”, ou não possuem mais a qualificação para ser membro do partido.
A Província de Zhejiang tem uma grande população de cristãos, e é chamada de “Jerusalém da China”. Este ano, as autoridades comunistas removeram as cruzes de 400 igrejas para reduzir a visibilidade da religião.
Em setembro no ano passado, uma equipe enviada para Zhejiang pela central do Partido Comunista para realizar inspeções anticorrupção, terminou sua operação de 2 meses, segundo reportagem do web-site de notícias Guncha Net, publicada no dia 22 de maio. Quanto à questão dos oficiais do partido tornarem-se adeptos a grupos religiosos, a equipe de inspeção sugeriu que os oficiais fossem continuamente doutrinados com ideologia comunista, especialmente a nível local, de forma a salvaguardar a “natureza avançada e pureza do partido”.
De acordo com Xia Ming, professor de ciência política da City University of New York, os esforços do Partido para eliminar a fé de seus oficiais dificilmente serão bem sucedidos, pois iria simplesmente fazer com que estes praticassem sua fé na clandestinidade, relatou a Rádio Free Asia (RFA).
“Muitos oficiais de alto escalão e suas famílias são, de fato, Budistas e Cristãos, mas eles disfarçam esse aspecto para esconder a sua fé da sociedade. Resumindo, esta nova ronda de inspeções não pode alcançar nada, e só mostra que o Partido Comunista Chinês está perdendo o controle espiritual sobre as pessoas”, disse Xia à RFA.

Porque o Partido Comunista teme a religião?
De acordo com um website estatal, “alguns lideres do Partido… são crentes ardentes em Deuses e Budas, e estão na linha da frente da superstição feudalista. Se esta tendência continuar, terá sérias consequências, confundindo as mentes dos oficiais do Partido e colapsando a organização do comunismo”.
Zan Aizong, cristão e escritor independente, é um utilizador ativo de blog e microblog na China. Em entrevista à RFA, ele disse que as afirmações do secretário geral Xi Jinping têm o objetivo de dissociar as religiões ocidentais e chinesas de suas bases espirituais comuns, e reforçar o papel do Partido Comunista como porta voz de tudo o que é chinês.
“O fato é que não existem fronteiras nacionais entre religiões. Quer seja o Cristianismo ou o Budismo, eles existem dentro e fora da China”, diz Zan. “Que papel o Partido Comunista pode desempenhar, uma vez que crê no ateísmo? O governo chinês deveria preocupar-se apenas com o seu próprio governo e a proteção das liberdades religiosas garantidas pela constituição”, continuou.
Bob Fu, presidente da China Aid Association, uma rede de direitos humanos Cristã, disse que a exigência do Partido de que as religiões devem ser leais à liderança comunista vai contra o princípio da liberdade religiosa, relatou a RFA.
“Qualquer grupo religioso ou grupo social que não esteja sobre o controle total, liderança e manipulação do Partido Comunista é considerado como uma ameaça à estabilidade tanto do Partido como da sociedade. Qualquer grupo assim pode desafiar o sistema autocrático do Partido,” disse Fu. “Eu penso que a atitude do partido para com a religião é uma projeção das suas próprias inseguranças quanto à capacidade de governar”.
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Fonte: EpochTimes

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