A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) recusaram proposta de delação premiada apresentada por advogados do ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, preso desde janeiro, em Curitiba. Segundo fontes que participaram da negociação, o executivo irritou investigadores ao apresentar versões que consideraram falsas, em função de provas que já detêm a respeito de crimes envolvendo a Petrobras. A força-tarefa da Lava Jato já tinha descartado na semana passada qualquer negociação sobre um acordo com Cerveró durante a coletiva dos investigadores para explicar as ações da 15ª fase da operação, que prendeu outro ex-diretor da área internacional da estatal Jorge Zelada.
A negativa não impede uma nova negociação de cooperação. Responsáveis pelos acordos de delação da Lava Jato dizem que é normal, no primeiro momento, o réu apresentar poucas informações úteis à investigação em busca de redução de pena. No entanto, só estão dispostos a reabrir o diálogo se Cerveró apresentar provas de fatos já apurados e também fizer revelações novas.
Nesta quarta-feira (8), um dos advogados de Cerveró, Felipe Caldeira, não quis dar detalhes da negociação, que é sigilosa, mas disse que o cenário “é complexo”.
Segundo fontes próximas a Cerveró, o ex-diretor está muito abalado na prisão, onde recebe atendimento psicológico. Isso dificulta mais a colaboração, avaliam advogados de clientes que não gostariam que Cerveró virasse um delator. No entanto, a defesa do ex-diretor nega a fragilidade emocional dele.
Cerveró é acusado de receber US$ 40 milhões no esquema de corrupção investigado pela Lava-Jato. Ele já foi condenado por lavagem de dinheiro na compra de uma cobertura de R$ 7,5 milhões em Ipanema por meio de uma offshore no Uruguai.
Na quarta, o juiz Sérgio Moro defendeu a manutenção da prisão preventiva do empresário Marcelo Odebrecht, em ofício encaminhado ao Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região. Para Moro, se não concordasse com os crimes, a Odebrecht poderia ter buscado acordo de leniência. A empreiteira, em nota, disse que “o teor do ofício revela uma vez mais que o juiz confunde prisão processual com prejulgamento” e reiterou considerar a prisão desnecessária.
Em Brasília, o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou acesso do PSDB à delação de Ricardo Pessoa, dono da UTC. Investigado na Lava-Jato, Pessoa também é testemunha numa ação da Justiça Eleitoral, movida pelo PSDB, que pede a cassação da presidente Dilma. O empreiteiro teria dito que doações legais da UTC à campanha do PT estavam ligadas à corrupção na Petrobras. Ele também citou doações ao senador tucano Aloysio Nunes (SP).
Fonte: O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário