A CPI da Petrobras começa nesta semana a realizar as acareações entre investigados da Operação Lava Jato. A primeira sessão para confrontar suspeitos de envolvimento no esquema de corrupção que atuava na Petrobras será na quarta-feira (8), entre o ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque e o ex-gerente da área Pedro Barusco, um dos delatores.
Na quinta-feira (9), Barusco participará de mais uma acareação com um réu da Lava Jato: o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. A acareação entre o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa está marcada para 6 de agosto.
Todos os reús que participarão das acareações já foram à CPI, em audiências em que foram ouvidos individualmente. A fase de acareações é aguardada pelos membros da comissão porque será uma forma de colocar os acusados frente a frente e comparar versões apresentadas por cada um deles.
As datas das acareações foram remarcadas após o juiz federal Sérgio Moro, que conduz as investigações na primeira instância, comunicar que os investigados já tinham audiências marcadas para os dias inicialmente pretendidos. Para evitar novos adiamentos, a agenda da CPI foi refeita após consulta à Justiça.
Detidos no Paraná, o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, o ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT) João Vaccari Neto e o doleiro Alberto Youssef foram autorizados por Moro a participar das audiências da CPI. Paulo Roberto Costa cumpre prisão domiciliar no Rio de Janeiro e Barusco, que é réu colaborador, não chegou a ser preso na operação.
Depoimentos
Tanto Costa quanto Youssef firmaram acordo de delação premiada na Justiça para contar o que sabem do esquema de corrupção na Petrobras. Eles foram presos na operação, mas Costa foi liberado para cumprir em regime aberto e segue monitorado por uma tornozeleira eletrônica.
Os acordos de delação preveem que o acusado dê informações sobre delitos cometidos e aponte meios de obtenção de prova em troca de redução de pena numa futura condenação.
Nos depoimentos de delação premiada e na CPI, Costa afirmou que havia um esquema de corrupção e que empreiteiras pagavam propina para obter contratos com a estatal. Parte da propina, segundo ele, ia para PT, PMDB e PP. Os partidos negam as acusações.
Youssef foi ouvido pela CPI em Curitiba. Ele disse que acredita que o alto escalão do governo sabia do esquema de corrupção na estatal.
Barusco afirmou à CPI que repassou US$ 300 mil à campanha presidencial de Dilma Rousseff em 2010 – o que o PT nega – e que acumulou, desde 1997, US$ 97 milhões em propina, quantia a ser devolvida aos cofres públicos.
Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras, é acusado de ter cobrado e recebido propina de empreiteiras para autorizar contratos na estatal. Ele ficou em silêncio na CPI.
Vaccari, em seu depoimento no colegiado, negou que tivesse pedido dinheiro a ex-diretores da estatal para financiar campanhas do PT.
Janene
Além das acareações, a CPI tem prevista para esta semana uma reunião na terça-feira (7), na qual ouvirá o ex-ministro-chefe da Controladoria Geral da União (CGU) Jorge Hage, o presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Antonio Gustavo Rodrigues, e Stael Fernanda Janene, viúva do ex-deputado José Janene.
Um dos réus do processo do mensalão do PT, José Janene morreu em 2010. Paulo Roberto Costa disse à Justiça Federal que, até 2008, era Janene quem operava a fatia da propina que cabia ao PP. Segundo ele, a legenda ficava com um terço do valor dos contratos fechados pela diretoria de Refino e Abastecimento, que ele comandava. Os outros dois terços, relatou o ex-dirigente, eram repassados ao PT. Após a morte de Janene, o doleiro Alberto Youssef passou a operar a propina do PP, informou Costa.
Fonte: G1
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