Na sexta-feira (4), antes da cúpula de emergência da Turquia-UE sobre a crise dos refugiados, que está atualmente decorrendo em Bruxelas, o líder turco surgiu com uma sugestão de construir uma "cidade dos refugiados". No entanto, a cidade deve ser localizada perto da fronteira com a Turquia, no território de um país estrangeiro.
O presidente turco disse que ele mesmo tinha discutido a ideia com o presidente dos EUA, Barack Obama, no entanto, a proposta "ainda não foi concretizada».
A revista alemã Zeit está convencida de que a sugestão é uma "cortina de fumaça" que esconde as verdadeiras intenções do presidente turco.
"Erdogan não disse nada sobre a maneira de que ele pretende construir uma cidade em um território estrangeiro, nem o prazo para a sua construção", diz o artigo de Ludwig Greven.
"Ele nem mencionou quem ia controlar o território", acrescenta o autor.
“Será que vai ser administrado pelo presidente legítimo da Síria Bashar Assad, ou vai ser controlada por um dos vários grupos rebeldes, ou ficaria sob controle dos curdos sírios?”, pergunta o jornalista. O autor destaca que, em todos os casos, seria uma violação clara do direito internacional.
"Não é de surpreender que Washington não faça nada, porque Obama não quer ser arrastado para uma nova aventura, embora limitada, no Oriente Médio", diz o jornalista.
Segundo o autor, os verdadeiros motivos de Erdogan poderiam ser uma mera propaganda, um desejo de demonstrar que o seu país está disposto a fazer mais para resolver a crise dos refugiados, desta vez, no entanto, no território de outro país.
A ideia também soa como mais uma tentativa de pressionar os outros países para criar uma zona tampão no território da Síria ao longo da fronteira com a Turquia, que Erdogan tenta alcançar por muito tempo.
Se for construída uma cidade, a coalizão liderada pelos Estados Unidos deixaria de combater na zona de exclusão aérea e esta, que por sua vez, forneceria a cobertura aérea para os "rebeldes moderados" apoiados por Ancara na luta contra o presidente sírio Assad.
Outro motivo é uma tentativa de barrar as intenções dos curdos sírios, que Ancara considera um grupo terrorista e que estão a ser apoiados tanto pela Rússia como pelos EUA.
"Esse é o maior medo de Erdogan: que, após o Norte do Iraque, surja na Síria uma área autônoma curda, o que poderá levar os curdos turcos a exigir o mesmo para si", supõe o autor.
Entretanto, a edição salienta que obrigar os refugiados sírios a voltar para o seu território quando há um perigo para as suas vidas é uma clara violação da Convenção de Genebra, o que só ilustra a verdadeira atitude da Turquia para com os direitos humanos e a vida humana.
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