Tanto a autoridade nuclear francesa, ASN, e a companhia que gerencia os dois reatores atômicos de Fessenheim, a também francesa EDF, supostamente não divulgaram a real gravidade do incidente ocorrido em 9 de abril de 2014, quando um dos reatores teve que ser desligado após a descoberta de vazamentos de água em diversos pontos.
Reportagens do diário alemão Süddeutsche Zeitung e da emissora pública alemã WDR afirmaram, nesta sexta-feira (04/03), que o incidente em Fessenheim, que fica na Alsácia, diretamente na fronteira com a Alemanha, poderia ter se tornado um dos "acidentes nucleares mais dramáticos da história na Europa Ocidental".
Eles estão baseando suas afirmações num documento enviado pela ASN ao então chefe da instalação de Fessenheim em 24 de abril de 2014. A carta e a subsequente resposta revelam que o reator não tinha como ser desligado de forma normal, pois barras de controle estavam emperradas. O reator foi desligado por meio de adição de boro às caldeiras de pressão, um procedimento sem precedentes na Europa Ocidental, segundo um perito.
"Eu não sei de nenhum reator na Europa Ocidental que teve de ser desligado após um acidente com a adição de boro", disse o perito e consultor do governo da Alemanha sobre segurança de reatores nucleares, Manfred Mertins, aos meios de comunicação alemães.
As reportagens afirmam que o relatório oficial da ASN não contém informações sobre a adição de boro nem sobre hastes de controle emperradas. A gravidade do incidente também não foi comunicada à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Os reatores de Fessenheim entraram em operação em 1977 e 1978 e são os mais antigos da França. O governo francês tem dito repetidamente que fechará a unidade depois de fortes críticas de políticos franceses, alemães e suíços.
A Alemanha também entrou recentemente numa disputa com a Bélgica sobre o reator nuclear belga Tihange, também próximo da fronteira entre os dois países. Ele foi fechado em março de 2014, mas voltou a operar em dezembro do ano passado, apesar das preocupações com rachaduras em suas caldeiras de pressão.
A energia nuclear ainda é responsável por suprir três quartos da demanda energética da França. O governo, no entanto, aprovou no ano passado uma legislação que visa cortar a dependência do país em energia atômica.
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Fonte: EFE
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