Ouvindo, porém, Jesus que João fora preso, retirou-se (em fuga) para a Galiléia; e, deixando Nazaré, foi morar em Cafarnaum, situada à beira-mar, nos confins de Zebulom e Naftali; para que se cumprisse o que fora dito por intermédio do profeta Isaías:
Terra de Zebulom, terra de Naftali, caminho do mar, além do Jordão, Galiléia dos gentios!
O povo que jazia em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região e sombra da morte resplandeceu-lhes a luz.
Daí por diante, passou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei -vos, porque está próximo o reino dos céus.
Tudo o que o evangelho de João narra nos cap. 1.43 a 4.54, está condensado aqui dos v. 12 a 17.
Jesus evade-se em fuga da Judéia para o norte, para as terras limítrofes da Galiléia. Seu campo de missão não vem a ser a Galiléia propriamente dita, mas as regiões fronteiriças da Galiléia, ou seja, onde já vivem pagãos (por isso Mateus diz “Galiléia dos povos gentios”. No grego usa-se para povos e pagãos o mesmo termo: éthnos. Ali o Senhor inicia sua atividade. Assim como se podia encontrar retrospectivamente no AT o lugar de seu nascimento, Belém, e o lugar de sua vida oculta, Nazaré, também se podia enxergar no AT o lugar de vida e atuação do Senhor, a saber, Cafarnaum e a região em torno do lago Genezaré, até o território da fronteira, no qual já viviam os gentios. Mateus tem em mente Isaías 9.1s!
Pelo fato de que, com a sua prisão, João Batista não pode mais “clamar” em alta voz, o próprio Senhor dá prosseguimento à função de arauto. No texto original sempre se faz diferença entre “evangelizar” e “ensinar”. Para a função de anunciar e evangelizar sempre se usa “ser arauto”, “proclamar como arauto”. O conteúdo da mensagem de arauto do Senhor é literalmente o mesmo da palavra de João: “Arrependei-vos!” Esse “arrependei-vos” é a primeira palavra que o Senhor anuncia em voz alta. Da mesma maneira como João (cf. o exposto sobre 3.2), também Jesus entende o arrependimento como “conversão”. Também para ele a conversão é a primeira letra no alfabeto do discipulado no reinado dos céus. A conversão em toda a sua radicalidade e totalidade. Cf. 9.35. Toda a diferença entre Jesus e João consiste apenas em que João esperava como iminente o que Jesus formula como presente! Uma segunda afirmação é feita por intermédio da citação da passagem de Isaías: Na terra das sombras da morte e das trevas brilha a grande luz, que é Jesus. Com que esplendor a palavra da luz brilha novamente no sermão do Monte, no cap. 5. Com que novidade e
grandeza resplandece depois no quarto evangelho!
Que maravilhosa harmonia entre todas essas palavras e figuras do AT e do NT. Lá Isaías 9.1s; 60.2 etc., e aqui repetido no NT, do primeiro ao último livro e página.
Fonte: Mateus - Comentário Esperança
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