13 de março de 2016

6 - O batismo de Jesus Mt 3, 13-17

Aquele que toma sobre si todo o juízo, 3.13-17 (Mc 1.9-11; Lc 3.21,22; Jo 1.31-34)

Por esse tempo, dirigiu-se Jesus da Galiléia para o Jordão, a fim de que João o batizasse.
Ele, porém, o dissuadia, dizendo: Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?
Mas Jesus lhe respondeu: Deixa por enquanto, porque, assim, nos convém cumprir toda a justiça. Então, ele o admitiu.
Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu (João) o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele.
E eis uma voz dos céus, que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.

Observação preliminar
E o que viria atrás chegou, o mais forte, o próprio Senhor. Ele veio! Sucedeu o encontro pessoal singular e único entre Jesus e seu arauto. É esse momento único da reunião pessoal dos dois que o evangelista descreve agora.
O batismo de João atraiu, como tantos israelitas, também Jesus ao Batista. Mas o mesmo João que nos demais casos tinha a convicção de que todos sem exceção precisam passar pela confissão dos pecados, pela conversão e pelo batismo se quiserem ser partícipes do “reinado dos céus”, diz a Jesus: Eu é que tenho necessidade de ser batizado por ti, e tu vens a mim? Portanto, segundo a opinião de João, Jesus não tem necessidade do perdão dos pecados, não precisa primeiramente tornar -se justo, ele já é justo, a saber, justo a partir de si mesmo.
Contudo, Jesus não desiste de assumir o batismo da conversão e do perdão dos pecados, porém sem que se fale de uma confissão de pecados.
Por que Jesus deixou-se batizar? Sabemos da importância do batismo de João. Ele significava o juízo sobre a pessoa culpada. Jesus tinha necessidade de um tal juízo? Não, por causa de si próprio ele não precisava deixar-se batizar. Ele submeteu-se ao batismo não somente exteriormente, como a uma cerimônia, ou para nos dar um exemplo, a saber, de que também precisamos deixar-nos batizar.
Jesus sabia que precisava realizar e construir o que esse batismo representa. Está cônscio de que ele é o cordeiro de Deus que leva embora o pecado do mundo. Por isso responde ao Batista: Convém cumprir toda a justiça. Ele sabe o caminho da decisão redentora de Deus, que passa pela “vicariedade”.
Por isso ele desce à mesma água com os pecadores. Iguala-se a eles (cf. Fp 2).
O batismo de João significa condenação! Ele quer suportá-la.
O batismo de João significa um grito por misericórdia! – Jesus quer abrir o acesso ao trono da graça. Com nitidez, vislumbra no fim de seu caminho a cruz. No seu batismo ele assume decididamente essa cruz. – Considerado para si somente, ele poderia ter tido alegria, mas a sua ligação com a humanidade coberta de culpa constituiu-se na grande carga de sua vida, que lhe trouxe a morte. Por isso sua morte também se tornou o verdadeiro cumprimento do batismo de João. Por conseguinte, o batismo de João veio a ser, no seu auge, uma clara profecia da morte de Jesus.
Três sinais miraculosos formam a resposta divina ao batismo de Jesus:
• Os céus se abrem;
• O Espírito Santo desce;
• A voz de Deus fala.
Os céus se abrem. Agora os céus estão novamente “rasgados”, como diz Marcos, ou “abertos”, conforme Mateus. Abrem-se as regiões que até então estavam trancadas aos seres humanos. Em Jesus, ficou livre o caminho ao coração paterno de Deus! A terra recebeu de novo o céu. E novamente é possível ser nascido do céu!
O Espírito Santo desce. Pergunta-se: O que significa a transmissão do Espírito para o próprio Senhor Jesus? – De forma alguma constitui uma contradição, como pensam alguns, que o Espírito Santo desce no momento do batismo e que o Senhor nasceu maravilhosamente lá em Belém pela força do Espírito Santo. É certo que Jesus não viveu 30 anos sobre a terra sem o Espírito Santo. Contudo agora, no início da vida pública de Jesus, o Espírito Santo, que durante 30 anos foi o elo de comunhão entre o Pai e seu Filho encarnado, entra num novo tipo de relacionamento. O Pai o ungiu como rei mediante o Espírito Santo e simultaneamente como profeta, poderoso em atos e palavras perante Deus e todo o povo. Em consequência, no caso de Jesus o “Espírito Santo” jamais pode ser o Espírito do novo nascimento. Pois Jesus não precisava de um novo nascimento, ele já era santo desde o seu nascimento (Lc 1.35). Aqui o Espírito Santo é compreendido como instrumentalização pública para a atividade que o Senhor de agora em diante irá exercer. Agora iniciam os feitos milagrosos e as curas de enfermos.
O terceiro sinal milagroso acontecido do céu foi a voz divina. Através do meio mais direto, mais pessoal e mais íntimo de expressar a comunhão, a saber, pela “palavra”, Deus revela ao seu Filho o relacionamento, singular por excelência, que existe entre ambos. Soa a voz de Deus, abrindo-lhe o que ele é para Deus, a saber, o amado, amado como um filho único só pode ser amado pelo pai, e revelando o que o Filho por isso é para o mundo, a saber, o instrumento do amor de Deus pelas pessoas. O envio do Filho tem a finalidade de elevá-las à extraordinária dignidade de filhos de Deus
(cf. Mt 5.9).
Que contraste entre o início e o fim do presente capítulo! Lá no início, as mais duras palavras de condenação de João batista, aqui no final o cordeiro de Deus, que tomou sobre si todo o juízo ao deixar-se batizar no lugar dos pecadores. Lá a lei – aqui o evangelho; lá juízo, aqui a graça.
Fonte: Mateus - Comentário Esperança

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