Em Israel, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse, nesta quinta-feira (14), que vai continuar defendendo o nome de um novo embaixador que ainda não foi aprovado pelo governo brasileiro.
Há exatamente um mês, Israel não tem embaixador no Brasil. É praxe na diplomacia internacional que o país que envia um representante consulte o país que vai receber. Mas Israel publicou a decisão antes de consultar o governo brasileiro. E o Brasil até agora não negou, nem aceitou a indicação.
O nome do israelense-argentino Dani Dayan foi muito mal recebido no Brasil. Ele já foi líder da organização que representa os assentamentos israelenses na Cisjordânia e mora num deles.
Assentamentos – as moradias construídas por Israel em terras que a ONU reconhece como pertencentes aos palestinos – são vistos pelo governo brasileiro como desrespeito à lei internacional e um obstáculo a negociações de paz.
Num discurso para imprensa internacional, na noite desta quinta-feira (14), em Jerusalém, Netanyahu disse que Israel tem boas relações com todos os países da América Latina, “menos com um”.
Ele poderia ter citado a Venezuela, com quem Israel não mantém relações diplomáticas. Mas deixou no ar. O ‘Jornal Nacional’ perguntou ao primeiro-ministro se por acaso ele falava do Brasil. “Era para você adivinhar”, ele brincou e depois disse que os dois países mantêm boas relações.
Sobre a falta de um embaixador em Brasília, o ‘Jornal Nacional’ perguntou se ele já tinha uma solução. “Acredito que Dani Dayan é excepcionalmente qualificado”, ele respondeu. “Continua sendo meu candidato. Eu penso que rotular pessoas é o próximo estágio depois de rotular produtos. E não quero rotular ninguém”, disse.
A referência a rótulos em produtos é porque, há dois meses, a União Europeia decidiu alertar os consumidores sobre produtos originários de assentamentos israelenses na Cisjordânia.
Numa declaração à imprensa local, a vice-ministra de relações exteriores de Israel disse que, se o nome de Dani Dayan não for aceito, Israel vai diminuir a importância de suas relações diplomáticas com o Brasil. O que significaria deixar vazia a cadeira do embaixador em Brasília.
Em Brasília, o Ministério das Relações Exteriores declarou que não comenta o processo de indicação de embaixadores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário