21 de janeiro de 2016

Notícia: Cerveró diz à PGR que ‘negócio de Collor é dinheiro’

Em depoimentos preliminares à delação, ex-diretor da Petrobras relatou propinas da UTC ao senador alagoano. Cerveró também afirmou à PGR que Collor “não arrecada para partido, mas para ele mesmo”

Em seus depoimentos à Procuradoria-Geral da República, preliminares ao acerto de colaboração premiada que firmou na Operação Lava Jato, o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró relatou que o senador Fernando Collor (PTB-AL) “não arrecada para partido, mas para ele mesmo”. Segundo Cerveró, que diz conhecer o ex-presidente desde que estudaram juntos no Rio de Janeiro, “o negócio do Collor é dinheiro”.

O senador alagoano foi denunciado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela suposta prática de corrupção e lavagem de dinheiro na Lava Jato e também é alvo de outros dois inquéritos.

O nome de Collor foi citado pelo ex-diretor da Petrobras em um documento intitulado “Assunto: Construção de bases da UTC”. De acordo com Cerveró, durante o período em que ocupou a diretoria financeira da BR Distribuidora, entre 2008 e 2014, foram “realizadas licitações (todas direcionadas) para a UTC construir bases de tancagem e armazenamento para a subsidiária”. O responsável por estas obras, segundo o delator, era José Zonis, diretor de Engenharia e Serviços da BR indicado por Collor. “Zonis em outras oportunidades comentou que Collor sempre cobrava propina dos negócios relacionados à diretoria dele, sendo que inclusive Zonis foi substituído por Vilson por determinação de Collor, já que não atendeu a todas as demandas do senador”, disse.

As licitações, no entanto, teriam sido referendadas por todas as diretorias da subsidiária da Petrobras, sobre as quais Fernando Collor tinha influência graças a uma suposta carta branca de Dilma Rousseff. À Procuradoria, Cerveró relatou que participou da aprovação e dos pagamentos das bases, cujo orçamento chegou a 500 milhões de reais, mas não recebeu propina porque, neste caso, o dinheiro não foi compartilhado com todas as diretorias.

O ex-diretor da Petrobras também citou o ex-ministro do governo Collor Pedro Paulo Leoni Ramos, apontado pelos investigadores da Lava Jato como operador de propinas do senador. “Em certa oportunidade, Pedro Paulo Leoni Ramos mostrou uma tabela de valores mensais para Fernando Collor, que chegava, na margem de milhões de reais”, afirmou.

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No capítulo “Conhecimento do fato”, registrado pela Procuradoria, Cerveró reiterou que “a UTC deve ter o registro do pagamento para Pedro Paulo, que repassava para Collor”.

Em delação premiada, o dono da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, confessou ter repassado a Collor 20 milhões de reais para conseguir obras de infraestrutura na BR Distribuidora licitadas na gestão do presidente José Lima de Andrade Neto.
Fonte: Veja

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