Em evento um evento de esquerda, que contou com a presença do vice-presidente da Bolívia, Alvaro Linera, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva minimizou a relevância do Foro de São Paulo e defendeu a criação de uma nova organização na qual as forças de esquerda da América Latina possam se articular para enfrentar a “onda conservadora” que, segundo Lula, avança na região.
“Faço o mea culpa. O PT não soube transformar em grandeza de política internacional aquilo que fizemos aqui no Brasil. O PT poderia ter feito muito mais. Nós ficamos só no Foro de São Paulo e cada vez com menos gente importante comparecendo. Temos que criar um instrumento na América Latina para unificar as forças de esquerda”, disse o ex-presidente, nesta segunda-feira (5), em um hotel em São Paulo.
Segundo matéria da Agência O Globo, o petista revelou que quando deixou a Presidência da República, em 2011, pensou em criar no Brasil uma frente ampla de partidos de esquerda para discutir políticas com legendas da Argentina, do Uruguai e da Bolívia.
O Foro de São Paulo é uma organização criada em 1990 que reúne anualmente dezenas de partidos e organizações de esquerda de toda a América Latina.
Segundo Lula, existe uma onda conservadora que põe em risco os governos de esquerda que chegaram ao poder nas últimas duas décadas em vários países importantes da América Latina como Brasil, Argentina, Venezuela e Equador.
“Estou percebendo que há um avanço das forças conservadoras. Há mais agressividade, mais determinação para que este ciclo progressista deixe de existir. As coisas estão ficando mais agressivas, mais delicadas”, disse Lula.
Lula deu aval a Bolívia para nacionalizar a Petrobras
Ao lado do segundo homem na cadeia de comando da Bolívia, Lula revelou que foi consultado por Evo Morales, então candidato a presidente do país vizinho, sobre a possibilidade de estatizar as plantas da Petrobras em território boliviano.
“O Evo me perguntou: ‘como vocês ficarão se nós nacionalizarmos a Petrobras’. Respondi: ‘o gás é de vocês’. E foi assim que nos comportamos, respeitando a soberania da Bolívia”, disse Lula.
No dia 1º de maio de 2006, assim que assumiu o poder, Morales determinou a nacionalização de toda cadeia de exploração de gás e petróleo da Bolívia e a ocupação militar das plantas, inclusive da Petrobras, sob alegação de que as petroleiras ganham muito, pagam pouco ao Estado e que os contratos haviam sido fechados em governos anteriores sob suspeitas de corrupção. A estatal brasileira havia investido US$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 6 bilhões) no país andino desde 1997.
Fonte: Correio Braziliense e Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário