As dificuldades para definir o que o governo tem para oferecer e o que o PMDB está, de fato, disposto a aceitar, obrigaram a presidente Dilma Rousseff a adiar em pelo menos uma semana o anúncio da reforma administrativa que deveria ter sido apresentada na última quarta-feira (23). O impasse com o principal aliado e a dificuldade para realocar peemedebistas que ela deseja contemplar fez com que Dilma embarcasse para Nova York desgastada politicamente por não conseguir fechar uma equação aberta por ela própria, quando, no fim de agosto, anunciou que cortaria 10 ministérios.
Segundo matéria do ‘Correio Braziliense’, o aviso do adiamento foi dado pela própria Dilma ao vice-presidente Michel Temer, durante encontro entre os dois, na manhã desta quinta-feira (24), no Palácio da Alvorada. Dilma escalou os ministros da Casa Civil, Aloizio Mercadante, das Comunicações, Ricardo Berzoini, e o assessor especial da Presidência, Giles de Azevedo, para continuar as conversas com os aliados até lá.
Não está certo, contudo, se o anúncio acontecerá no início da próxima semana – Dilma retorna dos Estados Unidos na tarde de segunda-feira. “Se tiver necessidade de novas reuniões e conversas, tanto melhor. Não podemos errar neste momento”, definiu, claramente, um interlocutor do governo. Em nota, o Planalto informou que “alguns dos partidos que integram a base aliada solicitaram o adiamento do anúncio da nova composição ministerial, para que mais consultas possam ser realizadas”.
Maior contemplado com as mudanças na Esplanada é justamente o PMDB, que está emperrando a conclusão das mudanças. No desenho definido após o partido indicar sete nomes da bancada na Câmara, na terça-feira, um deputado assumiria a Saúde, de onde sai o petista Arthur Chioro; e outro para o Ministério da Infraestrutura, resultado da fusão das secretarias de Portos e de Aviação Civil. Isso implicaria na saída de Edinho Araújo e Eliseu Padilha, respectivamente. Próximo do vice-presidente Michel Temer e com atuação determinante na articulação política e na distribuição de cargos nos últimos meses, o Planalto resiste à saída de Padilha do governo.
Por esse motivo, de quarta para quinta-feira, o cenário passou a ser a manutenção dele no cargo e o recuo na unificação das duas pastas. Assim, Portos ficaria com Helder Barbalho, filho do senador Jader Barbalho (PMDB-PA), próximo ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). O arranjo evitaria atrito com o Senado em um momento decisivo na votação de medidas do ajuste fiscal e para barrar as chamadas “pautas bombas”, que aumentam os gastos do governo, como a derrubada de vetos presidenciais. A sessão que analisará o reajuste do Judiciário está prevista para a próxima quarta-feira.
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Fonte: Correio Braziliense
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