No dia em que o dólar encostou em 3,57 reais, o Banco Central decidiu que vai intervir no mercado de câmbio de forma mais intensa, ao ampliar de 6 mil para 11 mil a oferta de contratos de rolagem de swap cambial, uma operação que consiste na venda de dólares no mercado futuro. O uso desse instrumento financeiro, na prática, fará com que o BC coloque mais dólares no mercado a cada dia para tentar conter a alta da moeda norte-americana, que engatou uma trajetória de elevações.
Nesta quinta-feira (6), o diretor de Política Monetária do Banco Central, Aldo Mendes, já havia ido a público tentar acalmar o mercado financeiro. Segundo ele, o nível atual de câmbio está “muito além ou acima” do que seria explicado pelos fundamentos econômicos do Brasil. “Mesmo considerando delicado o momento político do país, o preço do dólar está claramente esticado”, afirmou.
Para o diretor, comprar a moeda nos níveis atuais em que a cotação está pode representar um risco potencial de perda para o investidor no médio prazo. “Entendo que os agentes estão atuando aparentemente com pouca racionalidade”, observou.
A tendência de elevação da moeda não é nova. Em 12 meses, já há uma alta de 55,74%. Chama atenção, no entanto, a “empinada” vista em prazos mais curtos: apenas em 2015, a elevação está em 33,30% e em 12,38% nos últimos 30 dias. Logo após as declarações de Aldo sobre o câmbio, a moeda desacelerou muito ligeiramente a alta, mas na sequência voltou a subir. No fim do dia, o dólar à vista encerrou cotado a 3,53 de reais. Foi o sexto dia seguido de negócios em que a moeda norte-americana fechou mais cara que no dia anterior.
Havia uma dúvida no mercado financeiro sobre até quando o BC suportaria observar a disparada da moeda norte-americana sem agir. Hoje, foi a primeira reação, comum a qualquer banco central: tentar convencer os agentes por meio do discurso, da racionalidade. Os passos seguintes são o de usar ferramentas técnicas simples ou mais sofisticadas como o leilão de swap cambial, um contrato negociado em reais, mas com referência na diferença entre a taxa de juros e de dólar. Desde agosto de 2013 até março passado, o BC ofereceu essa “ração” ao mercado diariamente.
Em último caso, vale lembrar, o Brasil possui ainda um colchão de reservas internacionais de 370 bilhões de dólares, que pode ser usado em caso de extrema urgência, como crises financeiras ou ataque especulativo contra a moeda, o que não parece ser a questão agora.
Fonte: Veja
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