Um documento apreendido na sede da construtora Odebrecht e intitulado como “Relação de Brindes Especiais – 2010” aponta que funcionários de alto escalão da Petrobras, entre eles, os ex-presidentes da estatal José Sérgio Gabrielli de Azevedo e Maria das Graças Foster, recebiam presentes do ex-diretor da empresa Rogério Araújo.
Na lista consta que os “brindes” são pinturas de alto valor de artistas renomados, como Alfredo Volpi, Gildo Meirelles, Romanelli e Oscar Niemeyer.
Também aparecem na relação de destinatários dos quadros: Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento; Renato de Souza Duque, ex-diretor de Serviços; Jorge Luiz Zelada e Nestor Cerveró, ambos ex-diretores da área Internacional; e o ex-gerente de Engenharia Pedro Barusco.
A informação faz parte na denúncia que o Ministério Público Federal (MPF) apresentou contra ex-executivos da empreiteira e o presidente da Odebrecht S.A, Marcelo Bahia Odebrecht, na sexta-feira (24), à Justiça Federal.
Outro lado
A Odebrecht informou que, por se tratar de uma denúncia a uma pessoa específica, e não à empresa, não vai se pronunciar sobre os possíveis “presentes”.
A defesa de Araújo diz que a “relação de brindes trazida na denúncia não se refere a pinturas milionárias, como tem sido a opinião pública levada a entender, mas a reproduções das obras de arte dos artistas mencionados.”
A denúncia é referente à 14ª fase da Lava Jato, que foi deflagrada em junho e teve as construtoras Odebrecht e Andrade Gutierrez como alvo. A operação investiga um esquema bilionário de desvio de dinheiro e de corrupção na Petrobras.
“Observe-se que anotações manuais também apreendidas, trazem o alto valor dos quadros encomendados, demonstrando que não se tratavam de meros ‘brindes'”, diz um trecho da denúncia apresentada pelo MPF.
À época do ocorrido, Gabrielli era o presidente da estatal, e Foster era diretora.
Remetente
O ex-diretor da Odebrecht Rogério Araújo era o remetente dos “brindes”, ainda segundo o documento do MPF. Ele está preso desde junho.
No sábado (25), ele foi transferido para o Complexo Médico-Penal, em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, junto com o presidente da Odebrecht S.A e outros envolvidos na 14ª fase da operação. Até então, eles estavam detidos na carceragem da Polícia Federal, na capital paranaense.
Informação ‘falsa’
Gabrielli afirmou, por e-mail, que a informação de que recebeu pinturas de alto valor é “absolutamente falsa”. Ele admite que recebeu brindes, mas que foram livros editados pela empresa.
Os advogados de Costa e Cerveró disseram que desconhecem o recebimento de obras de arte pelos clientes. Já a defesa de Duque afirmou que só vai se manifestar quando o cliente for formalmente citado.
A defesa de Zelada informou que prefere não se manifestar neste momento. Já a defesa de Araújo disse que a relação de brindes apresentada na denúncia não se refere a pinturas milionárias, mas reproduções das obras de arte dos artistas mencionados.
A reportagem não conseguiu contato com os advogados de Barusco nem com a de Graça Foster.
Fonte: G1
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