Esse cenário anuncia que mais pacientes buscarão socorro no Sistema Único de Saúde (SUS). A população deixará de contar com a proteção de planos de assistência médica e precisará, inevitavelmente, buscar atendimento na rede pública de saúde, setor que está esgotado por falta de investimentos e com comprometimento financeiro acima da capacidade orçamentária, reflexos de administrações ineficazes.
O quadro é ainda mais preocupante ao analisarmos o orçamento do governo federal para o SUS em 2016, que aponta para um colapso. De acordo com estudos do Conselho Nacional de Saúde (CNS), a falta de recursos orçamentários para o financiamento das ações e serviços públicos de saúde este ano chega a quase R$ 17 bilhões. A redução da verba prejudica diretamente o brasileiro que precisa, cada vez mais, contar com esse serviço.
Ao mesmo tempo, o governo federal prioriza a dívida pública em detrimento a áreas essenciais, como a saúde. Quase metade do Orçamento da União em 2015 foi destinada ao pagamento de juros e amortizações da dívida pública. Enquanto o governo federal garantiu 47,2% (mais de R$ 1,3 trilhão) aos credores, o Ministério da Saúde recebeu meros 4,2% do montante (R$ 121 milhões). Neste ano, a previsão orçamentária se repete: 45,7% (novamente R$ 1,3 tri) para juros e amortização da dívida frente a 4% (R$ 118 mi) para a saúde.
O Rio Grande do Sul seguiu a mesma lógica, que resultou em desassistência à população. No ano passado, o atraso nos repasses aos municípios, causado pelo bloqueio nas contas para saldar parcela da dívida com a União, causou transtornos no atendimento de hospitais de todo o estado. Na Região Metropolitana, por exemplo, 5 mil de 20 mil consultas feitas mensalmente em hospitais públicos de Canoas foram canceladas pela falta de verba. Dezenas de hospitais no interior gaúcho deixaram de pagar os funcionários, resultando em interrupção dos serviços, como o caso de instituições de Júlio de Castilhos, São Pedro do Sul e Rosário do Sul.
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